A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos anunciou nesta quarta-feira (16) a identificação das ossadas de dois desaparecidos políticos da ditadura militar, localizadas na vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, zona norte de São Paulo.
Os restos mortais foram confirmados, por exames genéticos, como pertencentes ao pedreiro Denis Casemiro, desaparecido em 1971, e ao ex-marinheiro Grenaldo de Jesus da Silva, visto pela última vez em 1972.
“Essas identificações comprovam que a vala realmente serviu para ocultar cadáveres da ditadura. O DNA das vítimas está lá”, afirmou Eugênia Gonzaga, presidente da comissão.
Casemiro foi morto sob tortura nas dependências da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo. Peritos encontraram uma marca de tiro na costela entre os fragmentos analisados.
O caso também resultou em uma correção histórica: em 1991, a família chegou a enterrar uma ossada erroneamente atribuída ao pedreiro. Com os avanços da tecnologia de DNA, a identificação foi desfeita, e os restos foram exumados e devolvidos à comissão.
Já Grenaldo, expulso da Marinha por se opor ao golpe militar de 1964, foi morto por agentes do regime após fugir da prisão, entrar na clandestinidade e ser capturado no Aeroporto de Congonhas. À época, a versão oficial divulgada pela ditadura foi a de que ele teria cometido suicídio durante uma tentativa de sequestro de avião, versão nunca comprovada, e o corpo jamais havia sido entregue à família.
As famílias de Denis e Grenaldo foram informadas na terça-feira (15) e devem participar do anúncio oficial nesta quarta, no campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A vala de Perus foi descoberta em 1990, durante a gestão da então prefeita Luiza Erundina. Investigações comprovaram que o local foi usado pelo regime militar para ocultar corpos de presos políticos, enterrados junto a restos de indigentes, sem identificação.
No mês passado, o governo federal formalizou um pedido oficial de desculpas às famílias de desaparecidos políticos cujos corpos foram enterrados de forma clandestina em Perus.
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