O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ainda não conversou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde que o americano assumiu o segundo mandato à frente da Casa Branca em janeiro deste ano. A declaração do petista foi dada em entrevista à revista The New Yorker, publicada nesta quinta-feira, 8.
“Se, como representante do Estado americano, Trump quiser falar com o Lula, representante do Estado brasileiro, eu conversarei com ele calmamente”, disse Lula à publicação americana. “Mas, até agora, também não tive interesse nenhum em falar com ele. Se eu tiver um problema e precisar ligar pra ele, ligarei”, afirmou o presidente.
Na reportagem, Lula critica os Estados Unidos por serem “o país que mais trava guerras e o que mais fala sobre democracia e paz”, e compara as declarações de Trump às de líderes anarquistas na Itália e no Brasil no início do século passado, “clamando por uma sociedade sem instituições e dominada pelo império do capital”. “Eu vi um discurso dele no Congresso dos EUA recentemente e achei absurdo, aqueles republicanos aplaudindo qualquer besteira que ele dizia”, afirmou o presidente brasileiro.
Além de Trump, o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, e o dono do X (ex-Twitter), Elon Musk, também entraram na mira de Lula durante a entrevista, criticando tentativas de interferências das autoridades americanas em eleições de outros países, como as ocorridas em fevereiro na Alemanha. “Eles são negacionistas das instituições que garantem a democracia ao redor do mundo”, disse o petista. “Quando você liberta um animal selvagem, depois você não sabe como controlá-lo”, acrescentou.
‘Graças a Deus, temos a China’, diz Lula sobre comércio internacional
Questionado sobre a diplomacia brasileira, Lula afirmou que o Brasil, enquanto economia emergente, depende de boas relações com países de todo o espectro ideológico e defendeu o papel da China no comércio internacional. “Precisamos dizer: ‘Graças a Deus, temos a China, que é muito avançada tecnologicamente e capaz de competir no mundo da inteligência artificial“, disse o presidente.
Ainda sobre o comércio global, sem citar a guerra tarifária capitaneada por Trump, Lula disse que “o melhor para o mundo é globalização e livre comércio”, citando as cartilhas econômicas do ex-presidente americano Ronald Reagan e da ex-primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher. “Agora que os chineses se tornaram competitivos, eles viraram os inimigos do planeta, e nós não aceitamos isso nem a ideia de uma segunda Guerra Fria”, acrescentou o petista. “Eu não tenho certeza se o planeta consegue aguentar uma Terceira Guerra Mundial.”
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