O PSOL anunciou, nesta quinta-feira (10), que apresentará recursos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Conselho de Ética que aprovou a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). A medida foi tomada após o colegiado votar, por 13 a 5, a favor da perda de mandato por quebra de decoro parlamentar.
“Vamos entrar com recursos na CCJ e no STF. Na CCJ é um recurso padrão mesmo porque é onde cabe recorrer internamente na Câmara. E no STF vamos alegar que a punição é desproporcional ao fato”, afirmou a presidente do PSOL, Paula Coradi, à CNN. “A punição é imensa considerando vários casos passados com punições menores”.
O caso remonta a um incidente em 2024, quando Glauber foi acusado de empurrar e chutar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante uma confusão no Congresso. No relatório aprovado pelo Conselho de Ética, o relator Paulo Magalhães (PSD-BA) argumentou que o deputado “extrapolou dos direitos inerentes ao mandato, abusando, assim, das prerrogativas que possui”.
Vale lembrar que Magalhães já agrediu um jornalista que questionou os casos de corrupção do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, conhecido como ACM, tio do relator da ação contra o pesolista. Na ocasião, o mandato do parlamentar agressor não foi cassado.
Greve de fome
Em protesto, Glauber iniciou uma greve de fome e prometeu permanecer no plenário onde ocorreu a votação até que todo o trâmite seja concluído.
“Estou há 30 horas e 30 minutos fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”, declarou o parlamentar às 6h30 desta quinta.
Estou há 30 horas e 30 min. fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é fruto de uma decisão politica: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências.
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) April 10, 2025
O PSOL alega que a cassação foi articulada politicamente pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e pelo atual presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB), em retaliação às críticas de Glauber ao orçamento secreto. Procurados pela CNN, Lira e Motta não se manifestaram.
Caso o recurso na CCJ seja rejeitado, o processo seguirá para o plenário da Câmara, onde serão necessários pelo menos 257 votos para confirmar a cassação. A data da votação ainda não foi definida.
Durante a sessão do Conselho de Ética, marcada por atrasos e discussões acaloradas, Magalhães rejeitou os protestos, afirmando que o “alvoroço” só reforçava sua convicção pela perda de mandato. Glauber, por sua vez, denunciou manobras para assegurar a votação antes do encerramento dos trabalhos da comissão.
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