Sensores russos escondidos nas águas ao redor da Grã-Bretanha, supostamente usados para espionar os submarinos nucleares do Reino Unido, foram descobertos pelo exército britânico, segundo uma investigação publicada pelo jornal Sunday Times. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
Acredita-se que os dispositivos, encontrados tanto na costa quanto pela Marinha Real Britânica, façam parte de um esforço de Moscou para monitorar os quatro submarinos da classe Vanguard, que carregam mísseis nucleares e integram a dissuasão marítima contínua do país.
A descoberta acende alertas sobre uma intensificação das tensões no Atlântico, descrita por um alto oficial militar britânico ao Sunday Times como “uma guerra em curso”.
“É um jogo de gato e rato que persiste desde o fim da Guerra Fria e agora está se aquecendo novamente. Estamos vendo uma quantidade fenomenal de atividade russa”, disse a fonte, que não foi identificada.
O Ministério da Defesa do Reino Unido (MoD) optou por manter sigilo sobre os detalhes. A investigação do jornal britânico não revelou as localizações exatas dos sensores.
Ameaça subaquática
A vigilância russa não se limita aos dispositivos encontrados. A investigação aponta que veículos subaquáticos não tripulados (UUVs) russos foram detectados próximo a cabos de comunicação em alto mar. Ao mesmo tempo, superiates de oligarcas russos podem estar sendo usados para operações de reconhecimento subaquático.
Um navio em particular, o Yantar, equipado com UUVs e minissubmarinos, foi avistado perto de infraestruturas críticas, como cabos de internet e data centers, levantando temores sobre a capacidade da Rússia de interferir em comunicações vitais do Reino Unido.
Fontes da Marinha Real indicam que a presença do Yantar em águas britânicas reflete uma tentativa crescente de mapear e, potencialmente, sabotar linhas estratégicas.
Reino Unido ‘atrasado’
Tobias Ellwood, ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores, disse ao The Guardian que o Reino Unido está “atrasado” no rastreamento das operações russas de espionagem em águas profundas.
Ele classificou o cenário como uma “guerra de zona cinzenta” liderada pelo regime de Vladimir Putin, combinando vigilância e sabotagem contra infraestruturas essenciais.
Ellwood também sugeriu que bases remotas no leito marinho, usadas como estações de recarga para minissubmarinos russos, já foram instaladas na costa britânica.
“90% dos nossos dados vêm do mar, e 60% do gás chega da Noruega por uma única linha. Isso mostra o quão vulneráveis somos”, disse. Para o ex-ministro, o Reino Unido precisa urgentemente expandir a capacidade de defesa submarina.
O Reino Unido disse que mobilizou o RFA Proteus, um navio de vigilância de águas profundas em operação desde 2023, para patrulhar áreas ameaçadas por tecnologias russas avançadas, como minissubmarinos nucleares.
O MoD classificou a investigação do Sunday Times como “especulação”, mas reiterou o compromisso com a segurança nacional e o aumento de £ 5 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões) no orçamento de defesa este ano, com meta de alcançar 2,5% do PIB até 2027.
Incidentes recentes no Mar Báltico, como o dano ao cabo Estlink 2 entre Finlândia e Estônia, atribuído a um petroleiro russo, intensificaram as preocupações sobre a chamada “frota fantasma” de Putin.
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