Rodrigo Nogueira, um dos principais pesquisadores da área de Inteligência Artificial (IA) no Brasil, teve seu visto de entrada negado nos Estados Unidos. Fundador da startup Maritaca AI, que desenvolve modelos de linguagem, como o ChatGPT, daria uma palestra na Universidade de Harvard em 18 de abril.
O especialista acredita que teve sua entrada negada no país por conta do campo de atuação, já que existe uma disputa global entre as principais potências do mundo na área de IA. A Embaixada dos EUA no Brasil e o Consulado do país em São Paulo não comentaram o caso.
O pesquisador e empresário diz que realizou uma entrevista no consulado em São Paulo no fim de fevereiro. “Estava tudo normal até que eu falei que trabalhava com inteligência artificial. Então, naquele momento, tudo mudou. Parece que chegou uma nuvem de chuva na conversa”, contou ao Estadão.
Nogueira morou nos EUA por seis anos e passou cinco deles fazendo doutorado em uma instituição americana. Na ocasião, ele trabalhou em um laboratório com o francês Yann LeCun, um dos principais nomes da história da IA e ganhador do Prêmio Turing, uma espécie de “Nobel da Computação”.
Ele conta que teve o visto aprovado após a entrevista no consulado, mas que um dia depois recebeu uma comunicação exigindo explicações sobre uma viagem a Taiwan realizada em 2023, quando participou de uma conferência de tecnologia.
“No dia 10 de março, o consulado me pediu o currículo completo, uma cópia da minha tese nos EUA, cópias de todos os artigos que já publiquei e o histórico de viagens. Mandei tudo, exceto pela cópia dos artigos. Tenho mais de 100 artigos publicados, então mandei uma lista e onde poderiam ser acessados”, prossegue.
Pouco depois, recebeu uma comunicação dizendo que o visto foi negado e que ele não poderia fazer uma nova solicitação pelos próximos 12 meses. Nogueira participaria do Painel “Inteligência Artificial no Brasil”, organizado em Harvard por professores brasileiros.
“Eles transferiram o evento para um formato online, mas estou pensando em não participar em protesto”, acrescenta. Ele diz que já teve vistos de estudante, turismo e negócios negados, mas que chamou atenção o fato da recusa dessa vez partir de sua atuação na área de IA e de uma viagem a Taiwan.
“Acho que se eu trabalhasse com marketing, por exemplo, e tivesse ido a Taiwan, não haveria problema. Mas a viagem mais a atuação em IA pode ter pesado. O que era uma coisa técnica, virou política”, completou.
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