O piloto Gustavo Medeiros solicitou “retorno imediato” à torre de controle do Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, pouco depois de decolar na última sexta-feira (7). A informação foi divulgada por outro piloto que aguardava a liberação para decolar no mesmo aeroporto. “Ele não declarou emergência, ele falou: ‘Torre, solicito retorno imediato’, aí não falou mais nada”, afirmou o profissional em áudio direcionado a colegas.
A testemunha, que não foi identificada, relatou ter ouvido a conversa por meio do rádio e confirmou que a torre tentou chamar Medeiros após o pedido, mas não obteve resposta. “Logo eu vi a fumaça. Decolaram os helicópteros aqui, já… complicado. Que triste”, disse. Minutos depois, ocorreu a queda na Barra Funda, zona oeste da capital, próximo ao condomínio Jardim das Perdizes.
“Estou no ponto de espera ainda, o cara (Medeiros) decolou na minha frente. Estou no ponto de espera aguardando”, destacou a testemunha, revelando que aguardava há cerca de 15 ou 20 minutos para decolar, “porque a torre mandou aguardar.” O áudio reforça que Medeiros havia usado o prefixo da aeronave, PS-FEM, ao chamar a torre para informar o desejo de retornar imediatamente.
Com a queda, Gustavo Medeiros e o advogado e empresário gaúcho Márcio Louzada Carpena, dono do bimotor, morreram no local. Cinco passageiros de um ônibus atingido durante o acidente e um motociclista que passava pela avenida no momento também precisaram de atendimento médico, porém sem gravidade. O ônibus estava parado para embarque e desembarque de passageiros quando foi atingido.
Conforme informado pela Agência Estado e reiterado pelo UOL, a aeronave, um King Air fabricado em 1981, tinha capacidade para oito pessoas e havia sido transferida para o novo proprietário em dezembro de 2024. Registrado na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o bimotor não possuía autorização para realizar voos de táxi aéreo, mas estava em situação normal de aeronavegabilidade.
A hipótese de falha mecânica é apontada como a principal causa do acidente pelo perito aeronáutico e forense Daniel Kalazans. “Tudo indica que foi uma falha técnica, mecânica. Entendo que ele tenha buscado o retorno. A melhor opção seria voltar para o próprio Campo de Marte”, avaliou. Em entrevista ao UOL News, Kalazans acrescentou que a dificuldade de pousar em avenidas urbanas é grande, devido aos obstáculos existentes, como postes, fios de alta tensão e árvores.