O movimento que ganhou força em Brasília esta semana para a formação de uma possível federação entre o Progressistas (PP) e o União Brasil acabou recolocando no radar da política paraibana, e com cacife fortalecido, a pré-candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro à sucessão de João Azevêdo (PSB) em 2026. Os líderes e expoentes do PP acreditam que a circunstância de Lucas ser vice, acrescida do fato de que deverá assumir o governo com o afastamento de João para disputar o Senado e, nessa condição, ser candidato ao Executivo, oferece vantagem, sobremaneira, para o Progressistas, que conta, ainda, com os deputados federais Aguinaldo Ribeiro e Mersinho Lucena e poderá ter de volta a senadora Daniella, mãe de Lucas, que se desligou do PSD, atualmente está sem partido mas não descarta o projeto de uma candidatura à reeleição no próximo ano, dependendo dos espaços que couberem ao seu grupo no cenário estadual.
A bem da verdade, a pré-candidatura de Lucas nunca saiu de pauta, por duas razões: 1) a sua posição privilegiada, na ante-sala do poder, como vice; 2) o desejo dele de concorrer ao Executivo. Em relação a este último ponto, é possível assegurar que Lucas sonha liderar uma candidatura ao governo praticamente desde quando se investiu na vice de João, tendo se aplicado, desde então, a aprofundar o conhecimento dos meandros da máquina administrativa e, ao mesmo tempo, inteirar-se dos programas que estão sendo executados por João Azevêdo e que poderão ter continuidade com ele no comando. Lucas adotou o estilo “discreto” por estratégia, para não se confrontar com outros postulantes da base governista que têm idêntica pretensão. Até pouco tempo, houve um “ruído” nos bastidores do esquema de Azevêdo por este ter admitido o óbvio – a ascensão do vice à titularidade, caso resolva sair para disputar o Senado.
O presidente da Assembleia, Adriano Galdino (Republicanos), entendeu que o governador havia manifestado uma preferência subliminar, com isto desequilibrando a correlação de forças no seu esquema – e protestou pela imprensa, considerando, mesmo, “infeliz”, a citada declaração.
Adriano, que tem conquistado evidente protagonismo na cena política estadual, dada a hegemonia de poder na Assembleia Legislativa que ainda agora o levou a aprovar a indicação da filha Alanna para conselheira do Tribunal de Contas, é um dos potenciais concorrentes de Lucas dentro do esquema oficial, juntamente com o deputado federal Hugo Motta, alçado à presidência da Câmara dos Deputados.
O empenho no preenchimento de uma vaga do TCE desviou a atenção de Adriano do foco da sucessão estadual, o que não significa que o afastou do páreo ao governo. Sobre Lucas, o fato é que ele parecia tolhido na ocupação de espaços, dando margem até a especulações de que teria desistido da postulação. Mas a dinâmica política mostrou o contrário. Bastou Lucas ascender por 9 dias ao Executivo, na ausência de João Azevêdo, que fora buscar investidores para o Turismo em Portugal, para que o vice voltasse a ter visibilidade. Desta feita, Lucas Ribeiro, por intuição ou aconselhamento, tornou-se mais ofensivo nas ações administrativas, percorrendo municípios de quase todas as regiões e empenhando-se mais na massificação de sua imagem. A ideia da federação deu gás extra à sua pretensão.
Nos meios políticos, ressalta-se que, além de Lucas, o Progressistas tem outro nome de prestígio para lançar ao governo do Estado em 2026, que é o do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, parceiro de João Azevêdo nas ações administrativas e nas estratégias políticas. Reeleito para um quarto mandato em 2024, Cícero tem dito que, em princípio, advoga o nome do seu filho Mersinho Lucena como um dos candidatos ao Senado ou a vice-governador, condicionando a indicação aos acertos que forem feitos dentro do esquema liderado pelo governador João Azevêdo no momento oportuno das discussões sobre formação de chapas para o próximo ano.
Cabe mencionar, também, o nome da senadora Daniella Ribeiro nesse desenho, ainda que ela não tenha definido o partido em que vai ingressar, mas pelo reconhecimento do trabalho que ela desenvolve e pela projeção que conquistou no atual mandato como representante da Paraíba no Senado Federal. As especulações até aqui agitadas convergem para favorecer Lucas Ribeiro e o PP na hipótese de formalização de uma federação com o União Brasil.
Talvez essa constatação esteja levando o senador Efraim Filho, expoente do União Brasil e adversário de João Azevêdo, a alardear aos quatro cantos que o seu partido é quem comandará a federação na Paraíba caso o desideratum seja inevitável e não haja brechas (sempre há!) para migração partidária.
Efraim tem se apresentado como pré-candidato da oposição ao governo do Estado, num leque onde despontam, ainda, Pedro Cunha lima (PSD) e Romero Rodrigues (Podemos) com menos força, aparentemente. Dê certo ou não a federação PP-União Brasil na Paraíba, parece fora de dúvidas que o vice-governador Lucas Ribeiro adquiriu “capilaridade” nos ensaios que protagoniza para ser ungido candidato do esquema oficial em 2026. A novidade, agora, é que ele está cada vez mais motivado e, consequentemente, mais ofensivo na estratégia para se viabilizar candidato, numa confirmação de que a dinâmica política produz, de fato, reviravoltas que nem de longe pareciam estar no horóscopo.