Um novo estudo do Instituto de Pesquisa de Impacto Climático (PIK), de Potsdam, Alemanha, alerta que a Terra pode aquecer até 7ºC até 2200, mesmo com emissões moderadas de CO2. O cenário extremo poderia tornar inviável o cultivo de alimentos, causando insegurança alimentar global e forçando populações a abandonarem regiões costeiras devido ao aumento do nível do mar. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
A principal autora do estudo, Christine Kaufhold, enfatiza a urgência de reduzir e remover carbono da atmosfera. “Descobrimos que o pico de aquecimento pode ser muito maior do que o esperado em cenários de emissões baixas a moderadas”, afirmou ao jornal inglês Daily Mail.
Os gases que contribuem para o aquecimento global, como dióxido de carbono (CO2) e metano, provêm principalmente da queima de combustíveis fósseis, mas também de processos naturais, como erupções vulcânicas e decomposição de matéria orgânica. Para lidar com o problema, os cientistas defendem o desenvolvimento de tecnologias para remoção de carbono.
Como são feitas as projeções?
A equipe utilizou um novo modelo computacional, o CLIMBER-X, para simular cenários climáticos futuros, levando em conta fatores atmosféricos, oceânicos e a influência do metano. Foram analisados três cenários de emissões (baixas, médias e altas) para prever o aquecimento global até o final do milênio.
Os cientistas alertam que a maioria dos estudos climáticos considera projeções até 2300, sem captar possíveis picos de aquecimento. Mesmo que as emissões cessem agora, ainda haveria 10% de chance de a temperatura global aumentar 3ºC até 2200.
O estudo destaca ainda que os ciclos de feedback do carbono, onde uma mudança climática amplifica outra, podem elevar ainda mais as temperaturas.
Por exemplo, chuvas intensas favorecem o crescimento de vegetação inflamável, que quando seca alimenta incêndios florestais. Além disso, a decomposição de rochas pelo CO2 da chuva pode liberar ainda mais gás carbônico na atmosfera.
Mesmo reduzindo as emissões, esses processos naturais podem manter o planeta aquecendo por séculos. Os cientistas alertam que a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC está se tornando cada vez mais difícil de atingir.
Matteo Willeit, cientista do PIK e coautor do estudo, afirma que “a redução de carbono deve acelerar ainda mais rapidamente do que se pensava anteriormente para manter a meta de Paris ao nosso alcance”.
O estudo, publicado na revista Environmental Research Letters, reforça que as ações de hoje determinarão o futuro do planeta. “Já estamos vendo sinais de que o sistema terrestre está perdendo resiliência”, disse Johan Rockström, coautor e diretor do PIK. “Para garantir um futuro habitável, precisamos urgentemente intensificar nossos esforços para reduzir as emissões.”
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