Neste domingo, 30, falamos sobre o Areópago de Itambé, um fórum de debates sobre independência e liberdade, no Nordeste Brasileiro, criado por um paraibano de nome Manuel Arruda Câmara (1752–1810).
Mas quem foi ele na verdade? Natural de Pombal, sertão da Paraíba, Arruda Câmara, que dá nome oficial à nossa popular Bica, sendo patrono de uma das cadeiras da Academia Paraibana de Letras, é reconhecido como uma das figuras mais notáveis do pensamento científico e intelectual do Brasil colonial.
Em tempos nos quais o saber era privilégio de poucos, após ter professado a fé dos Carmelitas Calçados, no Convento de Goiana-PE, ele se destacou como um dos primeiros brasileiros a obter o título de doutor na Europa, estudando Filosofia Natural e Medicina em Coimbra, em Portugal (de onde foi convencido a sair, por conta de suas ideias liberais) e Montpellier, na França, uma das mais prestigiadas universidades médicas da época.
Sua formação europeia não apenas lhe proporcionou amplo domínio das ciências naturais, mas também o engajou nas ideias iluministas que transformaram o pensamento ocidental. Ao retornar ao Brasil, trouxe consigo não apenas o saber científico, mas também o espírito de renovação e progresso.
Nesse particular, foi crítico do obscurantismo e defensor da instrução pública, da agricultura racional e da valorização dos recursos naturais brasileiros. Atuou como médico, botânico e naturalista, com especial atenção à flora brasileira, tendo catalogado inúmeras espécies vegetais.
Preocupava-se com o aproveitamento das plantas nativas para fins medicinais, alimentares e industriais. A atuação científica de Arruda Câmara o coloca entre os precursores da ciência no Brasil.
Seu legado testemunha a capacidade intelectual que brota mesmo em regiões tidas e havidas como periféricas, como o Sertão Paraibano, ainda mais formidável por conta de ter acontecido naqueles difíceis tempos coloniais.
Imagem publicada pelo grupo Goiana, Cultura e Fatos, no Facebook.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba