O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu o projeto que anistia bolsonaristas condenados por envolvimento no ataque de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, mas apenas para quem tem penas menores. O parlamentar diz que é necessário discutir o tema com “sensibilidade” e “seriedade”, e avalia que há risco de uma crise institucional entre os poderes.
A declaração foi dada um dia depois do ato do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados pró-anistia na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (6). Motta foi atacado em discursos, como o do pastor Silas Malafaia, que afirmou que ele “está envergonhando o povo da Paraíba” ao não se manifestar sobre o tema de maneira clara.
“Eu defendo dois pontos para que a gente possa tentar vencer essa agenda: o primeiro é a sensibilidade para corrigir algum exagero que vem acontecendo com relação a quem não merece receber uma punição e a responsabilidade de poder dar uma solução dentro desse problema, que é sensível, que é justo, e não aumentamos a crise institucional que nós já estamos vivendo”, afirmou Motta.
A declaração foi dada em evento nesta segunda (7), na ACSP (Associação Comercial de São Paulo). O parlamentar diz que “respeita todas as manifestações”, mas que o tema não pode monopolizar as discussões na Câmara.
“Não podemos ficar uma casa de uma pauta só. O Brasil é muito maior do que isso. Nós temos inúmeros desafios. Então, nós não vamos jamais ficar restritos a um só tema por mais relevante e importante que seja”, prosseguiu.
Motta diz que vai levar o projeto para discussão com o Senado Federal, o Judiciário e o Executivo “para que uma solução de pacificação possa ser dada”.
O projeto de anistia será apreciado por uma comissão especial. A decisão foi tomada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e atrasa a tramitação do texto, já que o colegiado precisa funcionar por, no mínimo, 40 sessões do plenário.
Bolsonaristas tentam aprovar um requerimento de urgência para a matéria, o que faria com que o projeto pudesse ser votado a qualquer momento. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que tem ameaçado obstruir votações na Câmara, afirmou que já tem 162 das 257 assinaturas necessárias para acelerar a tramitação.
Líderes do Centrão têm resistido à pressão de bolsonaristas e parlamentares avaliam que os ataques a Motta, como o de ontem, podem “enterrar” de vez o projeto na Câmara.
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