Uma complexa batalha judicial envolvendo a família Fares, controladora da rede varejista Marabraz, expõe conflitos familiares, acusações de abusos e uma disputa pelo controle de um patrimônio estimado em R$ 5 bilhões. No centro da controvérsia está Najla Fares, 29, filha de Nasser Fares, um dos fundadores do grupo, que acusa o pai de controlar sua vida de forma opressiva e cometer abusos psicológicos, morais e até físicos.
A disputa começou em 2011, quando Nasser e seus irmãos, Jamel e Adiel, transferiram suas cotas na holding familiar LP Administradora de Bens para seus filhos. Najla, única herdeira de Nasser, recebeu um terço das ações.
No entanto, em 2024, Nasser e Jamel entraram com uma ação para reaver o controle da empresa, alegando que a transferência foi uma simulação para blindagem patrimonial, segundo apuração da Folha de S.Paulo.
Enquanto a batalha societária se desenrola, Najla apresentou uma petição detalhada acusando o pai de violências que vão desde invasão de privacidade até tentativas de controle total sobre sua vida, como a prática de stalking.
Ela relata que, aos 18 anos, foi agredida fisicamente por Nasser ao se relacionar com um brasileiro cristão, contrariando as expectativas familiares. A herdeira também afirma que uma tentativa de sequestro, que a levou a se mudar para o Líbano, teria sido orquestrada pelo pai.
Após retornar ao Brasil e se casar com um libanês escolhido por Nasser, Najla decidiu se divorciar em 2023, o que teria desencadeado uma série de retaliações, incluindo ameaças de perder a guarda de seus três filhos e o corte de sustento financeiro.
A jovem também denunciou a instalação de câmeras escondidas em seu apartamento e um rastreador em seu carro, além de ter sido alvo de um plano de internação compulsória, segundo relatos de familiares.
A juíza Andrea Galhardo Palma, responsável pelo caso, indeferiu o pedido de segredo de Justiça para partes do processo, destacando que os relatos pessoais de Najla não estão diretamente relacionados à disputa societária. No entanto, as denúncias de Najla estão sendo investigadas em um inquérito policial, e uma medida protetiva foi concedida para garantir sua segurança.
Do lado societário, a ação movida por Nasser e Jamel busca reaver as cotas da holding, alegando que os herdeiros têm gerido o patrimônio de forma irresponsável.
A defesa de Najla e seus primos, no entanto, argumenta que a holding vem sendo bem administrada e que os gastos pessoais dos herdeiros são compatíveis com seu padrão de vida bilionário.
Abdul, por exemplo, que é casado com a atriz Marina Ruy Barbosa, teria gasto R$ 16,3 milhões de despesas pessoais entre 2022 e 2024. Já Nader, no mesmo período, “torrou nada menos do que R$ 21,4 milhões em despesas pessoais”, disse o advogado de Najla.
“Os seis herdeiros conseguiram a proeza de, em menos de três anos, queimarem R$ 78,8 milhões em despesas pessoais”, acusou a defesa da herdeira. “E isso sem contar os valores milionários que eles já recebem das Lojas Marabraz”, completou, afirmando que houve pagamentos entre eles que somam outros R$ 49,8 milhões.
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