O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou uma greve de fome e decidiu passar as noites no chão da Câmara dos Deputados em protesto contra o processo que pode resultar na cassação de seu mandato. O parlamentar afirmou que permanecerá no Congresso até que o plenário da Casa se manifeste sobre a recomendação do Conselho de Ética, que aprovou a perda de seu mandato.
A decisão foi anunciada ainda durante a sessão do Conselho, realizada na quarta-feira (9), quando o colegiado aprovou o parecer do relator Paulo Magalhães (PSD-BA), favorável à cassação de Glauber. O processo foi instaurado após um episódio ocorrido em 2024, no qual o deputado se envolveu em uma confusão com um ativista do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro da Câmara.
“Não volto para casa enquanto esse processo não for concluído. Essa é uma decisão de resistência e de denúncia política”, declarou Glauber durante a sessão.
Já nas redes sociais, o parlamentar relatou estar há mais de 30 horas em greve de fome, ingerindo apenas líquidos, e reafirmou sua motivação política para a atitude extrema.
“Estou há 30 horas e 30 min. fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”, escreveu.
A atitude surpreendeu até mesmo colegas de partido e familiares. Sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esteve com ele até por volta das 23h da quarta-feira, mas precisou deixar o plenário para cuidar do filho do casal, de três anos. Segundo a equipe de Glauber, a decisão foi tomada de forma solitária, sem consulta prévia à bancada nem à família.
Seis pessoas — quatro assessores e dois apoiadores — acompanham o deputado no local. Eles autorizaram a presença da imprensa, mas pediram que Glauber não fosse filmado enquanto estivesse dormindo. A segurança do local está sendo garantida por um policial legislativo designado pela própria Câmara.
Agora, Glauber aguarda a definição de uma data para que o processo seja apreciado em plenário. Até lá, diz que seguirá em vigília e em greve de fome como forma de protesto.
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