O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP) se manifestou publicamente contra a possibilidade de liberação das faixas exclusivas para ônibus para todos os veículos. A restrição está suspensa temporariamente pela Superintendência de Mobilidade Urbana (Semob) desde a greve dos motoristas. A medida, que faz parte de um estudo da Semob, foi considerada um “retrocesso” pelo Sintur, que alerta para impactos negativos no transporte público e para os passageiros.
Em nota, o Sintur-JP destacou que a flexibilização das faixas exclusivas comprometeria a eficiência do transporte coletivo, que é utilizado diariamente por milhares de pessoas. “Essa decisão desconsidera o papel estratégico das faixas preferenciais na agilização do serviço, reduzindo o tempo de deslocamento e incentivando o uso do transporte público como alternativa ao caos viário”, afirmou Isaac Júnior, diretor do Sintur-JP.
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O sindicato também argumenta que a medida contraria políticas de mobilidade sustentável, já que a priorização dos ônibus é essencial para descongestionar vias, reduzir o número de veículos particulares, diminuir a emissão de poluentes e garantir previsibilidade aos passageiros. “Enquanto cidades avançadas ampliam faixas exclusivas, João Pessoa retrocede, colocando em risco a qualidade do serviço e desestimulando a população a optar pelo transporte coletivo. Para termos uma ideia, enquanto um ônibus transporta, em média, 60 passageiros por viagem, um veículo particular transporta, em média, apenas 1,5 passageiros, significando dizer que cada ônibus está ‘retirando’ das vias 40 veículos”, criticou Isaac.
Além disso, o Sintur-JP alerta para o risco de aumento no tempo das viagens para os passageiros, o que pode resultar em insatisfação e reclamações. “Na Av. Dom Pedro II, que possui 2,6 km de faixa preferencial no sentido centro/bairro, por exemplo, as sete linhas que lá circulam levam, em média, 8 minutos nesse trecho, a uma velocidade média de 19,5 km/h, perfazendo um total de 297 viagens por dia. Nesse período de liberação das faixas, o tempo de viagem no trecho aumentou para quase dez minutos e a velocidade média dos ônibus caiu para 15,6 km/h – um reflexo de 20%, aproximadamente. Ao final do dia, esses minutos a mais dentro dos ônibus, significa muito na vida dos trabalhadores, pois são eles os que estariam sendo diretamente penalizados com esse retrocesso de liberação das faixas preferenciais”, observou Isaac Moreira.
Por fim, o Sintur-JP cobrou a revogação imediata da medida e a retomada do compromisso com a prioridade ao transporte coletivo, em conformidade com as diretrizes nacionais e internacionais de mobilidade urbana.
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