Que país é esse que, na semana em que um comediante foi condenado à prisão por fazer piadas (de mau gosto), soltou um MC ligado ao Comando Vermelho, o Presidente disse que um auxiliar da China virá ajudar a regular as redes sociais e a Suprema Corte voltou a julgar uma ação que tem tudo para consolidar um regime de censura nas redes?
O Brasil tem cultura autoritária, e não é de hoje. O país promete ser uma democracia, mas, na prática, as elites judiciais (e políticas) trabalham para restringir o máximo a liberdade de expressão, punem comediantes e soltam criminosos altamente perigosos.
O caso de Léo Lins é sintomático. Piadas de Lins são reprováveis moralmente. Mas, no Brasil, uma juíza, entendendo que os discursos de um personagem cometeram crimes em um show de comédia e citando em sua decisão um conceito do Wikipedia sobre humor, foi capaz de condenar um comediante à cadeia. Regime fechado!
Piadas viraram crime, e corrupção, padrão. O Brasil é o país em que bilhões foram roubados de segurados do INSS e ninguém graúdo foi preso! E é o mesmo país em que piadas podem dar cadeia ao lado de criminosos altamente violentos.
O óbvio é que um Estado democrático, com seus juízes togados sem nenhum controle público, não pode, absolutamente, determinar o que pode e o que não pode ser dito em tom humorístico.
Mas, na democracia do Brasil, o Estado quer regular questões morais e artísticas com a força da espada da lei. Coisa de autocracia! A sociedade brasileira precisa reencontrar o caminho da liberdade, sob pena de se tornar um regime policialesco de discursos debaixo da regência de um Estado autocrático!
Anderson Paz