Um relatório da Unesco apontou nesta quinta-feira (20) que o derretimento acelerado das geleiras devido à crise climática pode comprometer o abastecimento de água e a produção de alimentos para 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo. O fenômeno, classificado como “sem precedentes”, ameaça ecossistemas, a agricultura e fontes hídricas essenciais. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
O estudo revelou que dois terços da agricultura irrigada globalmente devem ser afetados pelo recuo das geleiras e pela redução das nevascas em regiões montanhosas. Nas nações em desenvolvimento a situação é ainda mais grave: metade da população dessas áreas já enfrenta insegurança alimentar, tendência que pode se agravar com a redução da disponibilidade de água proveniente do derretimento de neve e gelo.
Mesmo países desenvolvidos estão sob risco. Nos Estados Unidos, por exemplo, a bacia do Rio Colorado sofre com uma seca persistente desde 2000. O aumento das temperaturas faz com que mais precipitação ocorra na forma de chuva, que escoa rapidamente, ao invés de neve, que libera água de maneira gradual. Esse fenômeno intensifica a escassez hídrica.
Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, enfatizou a urgência do problema: “Independentemente de onde vivemos, todos dependemos das montanhas e geleiras. Mas essas reservas naturais de água estão sob ameaça iminente. O relatório destaca a necessidade urgente de ação.”
Níveis recordes
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) revelou em outro estudo que a taxa de perda de geleiras nos últimos três anos foi a maior já registrada. Regiões como Noruega, Suécia, Svalbard e os Andes tropicais estão entre as mais afetadas.
A situação também é alarmante na África Oriental, onde algumas áreas perderam 80% de suas geleiras. Nos Andes, entre um terço e metade do gelo desapareceu desde 1998. Na Europa, as geleiras dos Alpes e Pireneus encolheram cerca de 40% no mesmo período.
Além da escassez hídrica, a redução das geleiras impacta diretamente o sistema climático global. O cientista Abou Amani, diretor de ciências da água da Unesco, explica no estudo que a substituição do gelo por superfícies escuras, como solo exposto, aumenta a absorção de calor, acelerando ainda mais as mudanças climáticas.
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