A Polícia Federal (PF) citou o cantor Gusttavo Lima em uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). O nome do sertanejo apareceu em movimentações financeiras suspeitas identificadas pela Operação Mafiusi, que rastreia transações de alto valor ligadas ao crime organizado, conforme informações do Estadão.
Além de Gusttavo Lima, a PF também mencionou o pastor Valdemiro Santiago e o bicheiro Adilson Oliveira Coutinho Filho em relatórios que indicam operações com suspeitos de integrarem um “sistema financeiro paralelo” da facção criminosa. Embora não estejam entre os indiciados, todos devem ser chamados para prestar depoimento.
A investigação avançou após delator Marco José de Oliveira revelar detalhes sobre o esquema de tráfico internacional de drogas e suas conexões com a máfia italiana. A primeira fase da operação resultou na denúncia de 14 pessoas por organização criminosa e associação para o tráfico.
Movimentações suspeitas
No centro do esquema está o empresário Willian Barile Agati, conhecido como “concierge do PCC”, apontado como o responsável por gerenciar transações financeiras milionárias da facção. Preso desde janeiro, ele teria operado um sistema que movimentou R$ 454,3 milhões entre 2020 e 2023 por meio de empresas de fachada em São Caetano do Sul (SP).
Ao investigar as contas dessas empresas, os federais chegaram à empresária Maribel Golin, representante legal da Aeroplan Aviação Ltda. e de outras quatro firmas. Segundo a PF, seus negócios foram usados para movimentar mais de R$ 1,4 bilhão entre 2020 e 2022.
Foi nesse ponto da investigação que surgiram os nomes de Gusttavo Lima, Valdemiro Santiago e Adilsinho, cujas empresas realizaram transações financeiras com os negócios de Maribel.
Gusttavo Lima e a compra de aeronave
A PF identificou que a empresa Balada Eventos e Produções Ltda., que administra a carreira de Gusttavo Lima, transferiu R$ 57,5 milhões para a JBT Empreendimentos, uma das firmas de Maribel. O primeiro repasse ocorreu em 24 de junho de 2022.
Ao investigar a Balada Eventos, os agentes encontraram sete empresas registradas no mesmo endereço, sem documentação que justificasse os valores movimentados.
“Ao realizar consultas aos sistemas cartoriais e outros sistemas congêneres, não foram identificadas escrituras públicas, documentos envolvendo relações comerciais ou notas fiscais referentes aos valores repassados entre as empresas mencionadas”, diz a PF.
“Fica evidente que o fluxo financeiro observado não condiz com o padrão usual de transações envolvendo pagamentos de cachês ou atividades similares.”
A conexão entre Maribel e o pastor Valdemiro Santiago também foi apontada na delação de Marco José de Oliveira, que afirmou que um parente da empresária “esquenta” dinheiro dentro da igreja do pastor. Segundo a PF, Agati assumiu a posse de aviões de Valdemiro para quitar dívidas com o Fisco.
Sertanejo nega irregularidades
Em nota, a Balada Eventos afirmou que a única transação realizada com a empresa JBT Empreendimentos foi a compra de uma aeronave em junho de 2022.
“Essa foi a única negociação entre a Balada Eventos e a JBT. A operação ocorreu de forma legal, com contrato de compra e venda formal, devidamente registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, declarou a empresa.