O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que o país “perdeu o jogo da globalização” e agora tenta mudar as regras. Para ele, o governo americano tenta reagir ao crescimento da China no cenário internacional.
“Quem armou as regras do jogo da globalização, nos anos 1980, foram basicamente os EUA. Quarenta anos depois, eles descobriram que perderam o jogo. E querem mudar as regras do jogo”, afirmou o ministro à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
Haddad aponta que os EUA costumavam defender “o livre comércio” e a OMC (Organização Mundial do Comércio), mas agora têm adotado “as políticas mercantilistas mais radicais desde há muito tempo” por medo dos chineses.
“Os EUA hoje se deparam com uma novidade no cenário geopolítico internacional: um país [a China] que não é só uma potência militar, como a União Soviética, ou só uma potência econômica, como era o Japão. A China é a conjugação do poder militar e do poder econômico”, prossegue.
O ministro acrescenta que a China tem um PIB (Produto Interno Bruto) que “cresce fortemente” e possui uma “capacidade tecnológica invejável”, competindo com os EUA em áreas como a da Inteligência Artificial (IA). “Eles são realmente um elemento muito desafiador, como os EUA ainda não tinham conhecido”, avalia.
Sobre o tarifaço de Trump, anunciado na última semana, Haddad avalia que há dúvidas sobre como a medida vai impactar a economia global. “Estamos falando de uma coisa realmente disruptiva. A dúvida dos economistas mais sérios é se esse receituário do Trump será capaz de fazer os EUA recuperarem o terreno perdido”, aponta.
Apesar dos impactos no mundo, com a China prometendo retaliação e uma expectativa de que a União Europeia faça o mesmo, Haddad avalia que o Brasil “está em uma posição relativamente vantajosa” no cenário global.
“Temos um bom fluxo de comércio com os três maiores blocos econômicos do mundo. Não temos dependência da economia norte-americana. Temos um acordo com a União Europeia que pode ser aprofundado neste momento. Podemos repensar relações regionais. Enfim, nós temos condições de navegar nesse quadro de incertezas e buscar um traçado, uma trajetória que nos proteja”, completa.
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