O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), agora réu por tentativa de golpe de Estado, admitiu ter discutido com assessores, em 2022, a possibilidade de decretar estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal. Segundo ele, no entanto, as alternativas foram “descartadas logo de cara”.
“Eu conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas, que vocês estão cansados de ouvir, o que a gente pode fazer? Daí foi olhado lá, (estado de) sítio, (estado de) defesa, (artigo) 142, intervenção”, afirmou Bolsonaro em entrevista à Folha de S.Paulo.
O ex-capitão alegou que a ideia surgiu após sua contestação do resultado das eleições ser arquivada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a imposição de uma multa de R$ 22 milhões. “Se a gente recorresse, podia passar para R$ 200 milhões”, disse Bolsonaro.
Ele também criticou a atuação da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal. “Aqui (Constituição) é a minha Bíblia. Tenho um problema, recorro a isso aqui. Agora, se não se pode falar estado de defesa, de sítio, se revoga isso aqui. Pronto”, afirmou.
“Agora, não pode quando alguém fala sobre esse assunto e outra pessoa tem opinião contrária, passa a ser golpe”, completou. “Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. Anos. […] Então foi descartado logo de cara.”
Na última quarta-feira (26), a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados, tornando todos réus por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Além de Bolsonaro, foram denunciados Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.