O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vem enfrentando atritos com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) desde seu discurso no ato pró-anistia em Copacabana, no Rio de Janeiro, verá sua relação com a Corte se deteriorar ainda mais, segundo informações do jornal O Globo.
No próximo domingo (6), ele deve falar novamente no carro de som de uma manifestação a favor dos condenados pelos atos terroristas de 8 de janeiro. O evento, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ocorrerá na Avenida Paulista, em São Paulo.
Membros do STF acreditam que Tarcísio repetirá o tom do discurso que adotou no Rio, quando chamou os réus do 8 de janeiro de “inocentes que receberam penas desarrazoadas” e defendeu que a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas seria um caminho para pacificar o país.
O discurso gerou críticas dentro da Corte, que agora observa a possibilidade de o governador calibrar suas palavras, especialmente após a revisão de um caso emblemático sobre as penas, o de Débora Rodrigues, bolsonarista que pichou a estátua “A Justiça” com a frase “perdeu, mané” em frente ao STF.
O ministro Alexandre de Moraes autorizou que Débora fosse transferida para prisão domiciliar, considerando que ela já havia cumprido quase 25% da pena. O relator propôs inicialmente uma pena de 14 anos de prisão, acompanhado por Flávio Dino.
“O que eles fizeram? Usaram batom? Num país onde todo dia a gente assiste traficantes indo para a rua, onde os caras que assaltaram o Brasil, que assaltaram a Petrobras, voltaram para a cena do crime, para a política, foram reabilitados. Está certo isso? Parece haver justiça nisso? Então é correto que a gente garanta a anistia para aqueles inocentes que nada fizeram. Vamos lutar e garantir que esse projeto seja pautado e aprovado”, afirmou o governador na ocasião.
Tarcísio ataca governo Lula em ato de Bolsonaro e ironiza punição pelo 8/1: 'usaram batom?'. 'Prometeram picanha e não tem nem ovo', diz governador 📲📰 Leia mais em https://t.co/L4qPEeQRw8
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— Folha de S.Paulo (@folha) March 16, 2025
Aliados de Tarcísio acreditam que ele provavelmente manterá um discurso semelhante ao de Copacabana. No entanto, ponderam que, caso o governador adote um tom mais brando sobre a anistia, isso poderia ser visto como uma afronta por Bolsonaro.
O próprio Tarcísio tem sido crítico sobre a dosimetria das penas dos condenados de 8 de janeiro e sobre outros temas em conversas a portas fechadas, o que gerou desconforto entre os ministros do STF, incluindo Moraes.
Membros da Corte lembram que, no ano passado, recorreram ao governador para ajudar a moderar os impulsos de Bolsonaro durante os atos na Avenida Paulista, elogiando sua postura equilibrada. Contudo, atualmente, analisam que a posição de Tarcísio pode agravar ainda mais o cenário.
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