O tom ameno adotado pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em interrogatório ontem, terça-feira (10/06), no Supremo Tribunal Federal (STF), foi elogiado por correligionários do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados. Avaliam que ele fez bem em tentar colocar certa leveza ou naturalidade no depoimento.
Segundo avaliou os “aliados” Bolsonaro adotou um tom sereno, não se exaltou, não confrontou Moraes, pediu desculpas por excessos e até buscou dar uma pitada de humor. Em um momento de tentativa de descontração, ele disse que queria convidar Moraes a ser o vice dele na campanha presidencial de 2026, o que fez as pessoas presentes rirem. Bolsonaro está inelegível, mas se coloca como candidato à Presidência.
No depoimento, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por ter acusado o ministro de receber dinheiro sem provas e negou ter tratado de golpe. Disse que um golpe é “abominável”, que é “até fácil de começar”, mas que o depois é “simplesmente imprevisível e danoso para todo mundo”. Ele ainda defendeu que os atos do 8 de janeiro de 2023 não preenchem os pré-requisitos para um golpe de Estado.
Apesar da postura, tanto membros da oposição quanto governistas avaliam que não deverá haver uma reviravolta no andamento da ação penal sobre a suposta trama golpista.
Esta foi a primeira vez de Bolsonaro frente a frente com Moraes dentro do inquérito da trama golpista.
Na oposição, há uma avaliação de que Moraes foi inteligente em se mostrar ponderado, paciente e até sorridente em certos momentos na condução dos depoimentos.
Depoimento ao STF
Bolsonaro prestou depoimento na terça-feira ao STF no processo que apura a tentativa de golpe de Estado. Durante o interrogatório, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro negou ter participado de qualquer trama golpista e disse que “teve que entubar” a derrota para o presidente Lula (PT).
Ele minimizou as reuniões com comandantes militares no fim do mandato, afirmou que discutiu apenas alternativas “dentro da Constituição” e disse que não havia clima para um golpe. Também pediu desculpas a Moraes por declarações feitas durante o governo e afirmou que não houve intenção de acusar o ministro de conduta ilegal.
Sobre a chamada “minuta do golpe”, Bolsonaro disse que o documento foi exibido rapidamente em uma televisão durante uma reunião e que ele não participou da redação nem sugeriu alterações — versão que contradiz o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que o acusa de interferir no conteúdo.
No depoimento, o ex-presidente ainda chamou de “malucos” os apoiadores que pediam AI-5 e intervenção militar, disse que gravou uma live pedindo paz antes de viajar para os EUA e negou envolvimento com os atos de 8 de janeiro.
Redação
foto: Felipe Sampaio STF