Na última sexta-feira, Flávio Bolsonaro anunciou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. Com o pai preso e silenciado, ele proclamou-se ungido por Jair Bolsonaro para carregar o nome do clã nas próximas eleições presidenciais.
O movimento estava preparado desde o início de novembro. O filho de Bolsonaro chegou encaminhar, numa reunião em São Paulo, a contratação de uma equipe para tocar a pré-campanha.
No domingo, antes mesmo de anunciar suas propostas ao país, o pré-candidato disse que poderia desistir da disputa por um certo “preço”.
Nesse Brasil de escândalos sem fim, quando um político coloca preço nas próprias convicções… A fala, desastrosa, fez soar um alerta entre aliados.
Está claro, para alguns dirigentes, que a candidatura de Flávio é uma espécie de chantagem do clã Bolsonaro com a direita para obter algum tipo de garantia política dos aliados de Jair.
Os filhos de Bolsonaro querem continuar mandando na direita como fazia o pai. A escolha é simples: ou os partidos se curvam, ou terão de lidar com o boicote do clã Bolsonaro. Tudo, no entanto, tem um “preço”, como avisou o próprio senador.
“É uma barganha. O Flávio não ganha de Lula, mas atrapalha bastante a direita, se seguir nesse caminho (da pré-candidatura)”, diz um cacique bolsonarista ao Radar.
Nesta segunda, Flávio Bolsonaro deve conversar com alguns caciques de centro e de direita sobre sua pré-candidatura. Ele telefonou pessoalmente aos caciques para marcar o encontro, mas nem todos atenderam ao chamado.
Ainda que faça barulho, a pré-candidatura de Flávio não deve levar a movimentos bruscos dos caciques partidários, que não levam a sério os filhos de Bolsonaro.
“Os filhos são imprevisíveis. Não dá para cravar nada”, diz cacique de um importante partido da base bolsonarista.
