Desde a redemocratização, período posterior à ditadura (denominada de regime por céticos), o Brasil passou por diversas eleições, tivemos Presidentes sofrendo impeachment, desastres econômicos que culminaram com o bloqueio do dinheiro de pessoas e até mesmo novas tentativas de ruptura democrática.
O país, apesar de ser considerado uma democracia muito nova, sente na pele o grande desafio de manter-se em pé diante de tantas cabeças lutando por seus desejos pessoais e individuais, inclusive, preterindo o avanço econômico em favor de grupos políticos.
Quando mencionamos ações em favor de grupos, lembramos que uma grande maioria de atores políticos acabam por passar toda uma vida dentro da esfera pública, transformando algo que deveria ser temporário em uma profissão vitalícia e alicerçada em redes de influência, onde muitos políticos acabam por criar um sistema de incentivos que privilegia a autopreservação e o fortalecimento de grupos, em detrimento de políticas públicas de longo prazo.
Dentro dessa corrida incessante por manutenção do poder, a polarização política, que antes era apenas restrita aos bastidores do Congresso e às mesas de negociação partidária, hoje transborda para as ruas, para as redes sociais e até mesmo para dentro do convívio familiar. O debate deixou de ser sobre ideias e passou a girar em torno de lealdades pessoais e narrativas do tipo “nós contra eles”, alimentadas por discursos inflamados e por um ecossistema de desinformação cada vez mais sofisticado.
Tal cenário provoca efeitos devastadores no ambiente social: relações se rompem, espaços de diálogo se fecham e a capacidade de construção de consensos mínimos é prejudicada. Sem falar no custo econômico, alavancado por crises políticas frequentes e que reduzem a confiança dos investidores, ainda acabam por travar reformas essenciais para o desenvolvimento do país, piorando ainda mais a situação quando o foco é apenas ideológico.
Temos, então, um resultado prejudicial para o Brasileiro: a instabilidade política alimenta a desconfiança social e econômica, enquanto a falta de crescimento e oportunidades retroalimenta a polarização . E, embora saibamos que existam indivíduos que trabalham em prol da população, uma grande maioria ainda se rebela e trava batalhas sem nexo por pura vontade de exposição nas redes sociais, visando afagar o ego de seus seguidores em busca de apoio político e os famosos “likes”.
A polarização precisa ser contida para evitar que as instituições continuem se digladiando e se corroendo, para que não seja esquecido o real potencial do Brasil. O tempo de mudar é agora, utilizando seu direito de escolha nas eleições, antes que a política, em vez de ser instrumento de transformação, se torne apenas o palco de um teatro repetitivo, onde a peça nós já conhecemos, e onde os protagonistas nunca mudam e o final sempre é o mesmo.