A Polícia Federal (PF) está preparando uma nova ofensiva para localizar e prender os réus dos atos terroristas de 8 de janeiro que continuam foragidos na Argentina. A medida faz parte do esforço das autoridades para cumprir a ordem de prisão contra Léo Índio, primo dos filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente se encontra em território argentino.
Segundo investigadores que acompanham o caso, dois caminhos estão sendo considerados: acionar a Interpol ou reforçar o contato direto com autoridades argentinas. Com informações do Metrópoles.
Apesar de avaliar cada situação individualmente, a PF demonstra resistência em solicitar à Interpol um rastreamento generalizado, uma vez que Brasil e Argentina mantêm um acordo de cooperação jurídica que permite a captura de foragidos entre os dois países.
Ainda assim, a possibilidade de envolver a Interpol não está descartada. A PF está finalizando uma lista de nomes que será submetida ao Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de obter novas ordens de prisão.
Internamente, o entendimento é que o contato direto com a Justiça argentina — como já ocorreu em novembro passado, quando foram autorizadas prisões de 61 brasileiros — é considerado o método mais eficiente e diplomático. Esse diálogo institucional é conduzido por meio do Ministério da Justiça e do Itamaraty.
Mesmo com a cooperação entre os países, vários alvos das ordens emitidas em 2023 continuam foragidos. Parte deles solicitou refúgio ao governo de Javier Milei.
A PF também trabalha com a hipótese de que alguns já tenham deixado a Argentina. Por isso, mantém contato com autoridades de outros países e conta com o suporte da Interpol, mesmo sem ter formalizado pedidos de prisão.
Léo Índio
No caso específico de Léo Índio, a PF adota o mesmo raciocínio e evita medidas que possam gerar desgastes com o governo argentino. Léo possui uma autorização provisória de permanência no país vizinho até 4 de junho, o que permite que ele estude, trabalhe e acesse serviços públicos.
No entanto, essa autorização não equivale a um asilo político formal — que já foi solicitado por ele, mas ainda está sob análise do governo argentino.
A defesa de Léo Índio informou ao STF que ele está legalmente na Argentina. Em 28 de fevereiro deste ano, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra ele, tornando-o réu por participação nos atos que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O colegiado também decidiu manter a decisão anterior e rejeitou o recurso da defesa, autorizando a abertura da ação penal em plenário virtual.
Léo Índio publicou um vídeo em suas redes sociais no último domingo (6), em uma praia na Argentina. A publicação ocorreu no mesmo dia da manifestação pró-anistia organizada por Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo — projeto que pode beneficiá-lo.
A localização exata não foi identificada, mas a postagem aconteceu poucos dias após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretar sua prisão preventiva, na última quarta-feira (2).
A dura vida de um foragido da ditadura do Xandão. Domingo à tarde, e Leo Índio, ou Leo Bolsonaro, postava foto e vídeo de alguma praia. Ele tem um mandado de prisão por ter fugido para a Argentina. Participou do golpe , esteve no 8 de janeiro. pic.twitter.com/eCz6QfY5H3
— GugaNoblat (@GugaNoblat) April 7, 2025
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