A participação de sete governadores ao lado de Jair Bolsonaro durante o ato pró-anistia realizado no último domingo (6) na Avenida Paulista causou mais desconforto entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) do que os próprios ataques verbais direcionados à corte.
De acordo com Bela Megale, do jornal O Globo, fontes do STF afirmaram que magistrados consideraram a presença dessas autoridades em um evento que promoveu críticas ao Judiciário como uma atitude contraditória, já que esses mesmos governadores frequentemente buscam apoio dos ministros para demandas relacionadas a seus estados.
Entre os governadores presentes estavam Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo, Romeu Zema (Novo) de Minas Gerais, Ratinho Júnior do Paraná (PSD), Ronaldo Caiado de Goiás (União Brasil), Jorginho Mello (PL) de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil) do Mato Grosso e Wilson Lima (União Brasil) do Amazonas.
A participação dos governadores foi vista como “acintosa”, principalmente por compactuar com os “ataques ácidos” ao Tribunal. Outro ponto de incômodo é a contradição desses políticos que, durante o mandato demonstram cordialidade aos ministros do STG em busca de ajuda nas demandas para seus estados.
Nos bastidores, os magistrados avaliam que o interesse desses governadores seria “se cacicar” como sucessor político de Bolsonaro na disputa pela presidência em 2026, que já está inelegível e, até lá, tende a estar preso.
Antes da manifestação, Bolsonaro se reuniu com esses aliados em um encontro interpretado como parte dos preparativos para as eleições de 2026, já que quatro deles são considerados possíveis candidatos à presidência.
O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do evento, adotou um tom de confronto ao declarar “Vou pra cima deles”, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes e ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) por sua resistência em pautar a anistia.
Antes do evento, Malafaia comparou o ato às manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, prometendo que seria a maior mobilização desde então. No entanto, a um levantamento da Universidade de São Paulo estima que menos de 45 mil bolsonaristas foram ao ato.
Além disso, dados de pesquisa Genial/Quaest indicam que a maioria da população não apoia a causa defendida no evento. Segundo o estudo, 56% dos brasileiros são contra a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, enquanto apenas 34% apoiam a libertação dos condenados. O estudo ainda revelou que 49% acreditam que Bolsonaro participou do planejamento de um golpe de Estado.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line