A estreia do remake de “Vale Tudo” na Globo gerou uma cobertura “jornalística” ridícula.
Veteranos profissionais da casa são forçados a participar de uma palhaçada na pele de assessores de imprensa para turbinar a atração. A exigência de que eles falem sobre a novela, mesmo sem domínio do assunto, é um reflexo de como a Globo transformou o jornalismo em mera extensão de sua programação.
Na segunda à tarde, Julia Duailibi e Octávio Guedes conversavam com o galã Cauã Reymond, um cabeça oca sem nada a dizer sobre assunto algum. Julia fingia espontaneidade para discorrer a respeito de alguma coisa “icônica” (pelo amor de Deus, parem de repetir essa palavra).
Guedes tentou arrancar de Reymond uma reflexão sobre os anos 80 e os dias de hoje e terminou no “tamo junto’. Patético. O risco de ser demitido é uma ameaça implícita, deixando claro que quem não topa a armação está na rua.
“Pedi a bênção para Carlos Alberto Riccelli, que foi muito carinhoso. Ele falou para eu fazer o meu César Ribeiro. Então, estou trazendo um pouco de humor, uma malandragem. Não é um vilão raiz”, diz o ator Cauã Reymond sobre a estreia do remake de Vale Tudo na noite desta… pic.twitter.com/CWDSgCslEq
— GloboNews (@GloboNews) March 31, 2025
A linha entre o papel de informar e o de promover se torna cada vez mais tênue na Globo, fazendo com que os jornalistas se vejam obrigados se fantasiar de blogueirinhos.
A Globo teme que “Vale Tudo” registre uma pontuação inferior à da flopada “Mania de Você”, que, com 22 pontos, obteve o pior Ibope de estreia na história da faixa após o “Jornal Nacional”, conforme a medição da Kantar Ibope Média para a Grande São Paulo.
Considerada uma das tramas mais emblemáticas da dramaturgia brasileira, “Vale Tudo” é a grande aposta da emissora para celebrar seus 60 anos. Quando estreou em maio de 1988, alcançou 56 pontos e chegou a 72 de média nas semanas finais.
Como o compromisso não é com os fatos, dificilmente veremos uma matéria sobre o inevitável fracasso da novela. Nem o “Guedinho” salva.