BRASÍLIA – A embaixada do Brasil em Portugal está em contato com autoridades portuguesas para entender a ordem dada pelo governo interino do país, no último sábado, para expulsar 18 mil estrangeiros, às vésperas de uma eleição legislativa marcada para 18 de maio.
Procurado pelo Estadão, o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro Silva, afirmou que a expectativa é de que o número de brasileiros atingidos pela medida seja baixo.
“Estou em contato preliminar com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), e a informação é que o número de brasileiros é baixo, são casos específicos, sem detalhar”, explicou.
Ele disse que irá se encontrar com o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alexandre Candeas, para aprofundar as conversas com o governo português.
“A partir de amanhã (segunda-feira), vou me juntar ao nosso cônsul-geral em Lisboa para conversar com autoridades portuguesas pra obter mais informações”.

O ministro das relações exteriores, Mauro Vieira, em evento no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
Mais cedo, o Ministério de Relações Exteriores havia informado que a embaixada acompanhava o tema de perto. “A Embaixada do Brasil em Portugal está acompanhando de perto o tema, em contato direto com as autoridades locais”, afirmou.
No último sábado, 3, o ministro da Presidência António Leitão Amaro disse que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país ilegalmente saiam.
O ministro disse que as autoridades começarão na próxima semana pedindo a cerca de 4,5 mil estrangeiros que saiam voluntariamente dentro de 20 dias.
A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.
Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro Luis Montenegro convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu um voto de confiança no Parlamento e renunciou.
Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.