O Hamas libertou neste sábado (08/02) mais três reféns israelenses, na quinta troca de prisioneiros dentro do acordo de cessar-fogo com Israel que vigora desde o mês passado na guerra na Faixa de Gaza.
Os três reféns foram entregue por milicianos do Hamas a membros da Cruz Vermelha em Deir el-Balah, na região central da Faixa de Gaza.
Eles são Ohad Ben Ami, de 56 anos, que tem cidadania israelense e alemã e foi levado do kibutz Beeri, junto com sua esposa, Raz Ben Ami (libertada na trégua de novembro); Eli Sharabi, 52 anos, que perdeu suas duas filhas e esposa no ataque do Hamas ao mesmo kibutz; e Or Levy, 34 anos, raptado no festival de música Nova, onde sua esposa Einav foi morta, deixando seu filho Almog, agora com três anos, aos cuidados dos avós e do tio.
Como nas cerimônias anteriores, os reféns, com aparência séria e visivelmente magros, foram escoltados por milicianos palestinos até um palco, onde dirigiram algumas palavras às centenas de habitantes de Gaza reunidos no local, antes de serem entregues a uma equipe da Cruz Vermelha, que os transportou em três veículos rumo ao território israelense.
“Imagens chocantes”
A entrega coreografada incluiu declarações forçadas dos três no palco, nas quais eles declararam apoio à finalização das próximas fases da trégua entre Israel e Hamas.
“As imagens perturbadoras (…) servem como mais uma evidência crua e dolorosa que não deixa margem para dúvidas – não há tempo a perder para os reféns! Precisamos libertá-los todos”, disse o grupo de campanha Hostages and Missing Families Forum.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cuja imagem de desânimo apareceu em um banner no local da entrega de Deir el-Balah, disse que as imagens de Gaza eram “chocantes”.
“As imagens chocantes a que assistimos hoje não ficarão sem resposta”, afirmou um comunicado do gabinete de Netanyahu, que se encontra em viagem nos Estados Unidos.
Diferente do que ocorreu há pouco menos de uma semana e meia, no entanto, os reféns não tiveram que atravessar uma multidão e não houve confusão. Havia também vários membros do Hamas mascarados, a maioria deles armados com submetralhadoras, como foi o caso das libertações anteriores de reféns.
As trocas anteriores ocorreram em Khan Younis (sul) e na cidade de Jabalia, no norte de Gaza.
Prisioneiros palestinos são soltos
Em troca da libertação dos três israelenses, Israel libertou 183 prisioneiros palestinos, incluindo 111 habitantes de Gaza que foram presos na Faixa de Gaza após o ataque múltiplo em 7 de outubro de 2023.
As primeiras dezenas de prisioneiros palestinos libertados por Israel chegaram neste sábado a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, a bordo de um ônibus da Cruz Vermelha, onde foram recebidos por suas famílias e centenas de palestinos.
Os prisioneiros libertados, alguns usando lenços de cabeça palestinos, saíram do veículo e foram abraçados pelos cidadãos reunidos em Ramallah, que também os carregaram nos ombros.
O serviço prisional de Israel confirmou posteriormente que “183 terroristas foram libertados” na Cisjordânia, na Jerusalém Oriental anexada e em Gaza.
Alguns dos prisioneiros libertados também pareciam magros e fracos. O Crescente Vermelho disse que sete dos libertados foram levados a hospitais para tratamento.
A fase atual da trégua não parece ter sido afetada pela surpreendente proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a população palestina para fora de Gaza. A ideia foi bem recebida por Israel, mas veementemente rejeitada pelos palestinos e pela maioria dos líderes internacionais.
Mas isso pode complicar as negociações sobre a segunda e mais difícil fase, quando o Hamas deverá libertar dezenas de outros reféns em troca de um cessar-fogo duradouro. O Hamas pode relutar em libertar mais prisioneiros se acreditar que os EUA e Israel estão falando sério sobre despovoar o território, o que, segundo grupos de direitos humanos violaria a lei internacional.
Originalmente publicado por DW
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