O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, anunciou que não aderirá a uma declaração conjunta na ONU sobre direitos das mulheres. A decisão marca um claro distanciamento da administração do republicano em relação às políticas internacionais voltadas para a igualdade de gênero. Entre os pontos rejeitados estão cotas femininas, igualdade salarial e o uso do termo “gênero” no documento.
A declaração, que será aprovada na próxima semana pela Comissão sobre a Situação da Mulher, foi concebida como resposta a ataques contra direitos femininos, liderados por grupos de extrema direita. Embora os EUA não façam parte da Comissão este ano, o governo Trump tentou influenciar o processo antes de anunciar sua decisão de não aderir ao texto.
Negociadores confirmaram ao UOL que o objetivo central das discussões recentes foi a preservação de direitos considerados consolidados, mas que passaram a ser alvo de ameaças. Nos bastidores, o Brasil atuou para garantir a aprovação da declaração.
Em entrevista, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que a meta do Brasil é impedir retrocessos nos direitos femininos. “Nossa mensagem é a de não aceitar nenhum retrocesso. Estávamos preocupados com uma possível alteração da declaração. Mas tivemos grandes negociadoras”, afirmou.
Brasil reforça compromisso com a democracia e igualdade de gênero
O Brasil também enfatizou a relação entre democracia e direitos femininos. “Para que os direitos das mulheres possam existir, a democracia é fundamental”, ressaltou a ministra.
Além disso, o governo brasileiro foi convidado a integrar uma aliança feminista internacional liderada por Espanha, França e Chile. O objetivo é evitar o desmonte de direitos conquistados e inserir uma perspectiva feminista na formulação de políticas externas e de desenvolvimento.
A administração Trump justificou sua decisão apontando discordâncias em diversos pontos do texto:
Tensões e desafios na defesa dos direitos das mulheres
Apesar do apoio do Brasil à declaração, houve divergências internas sobre a referência às mulheres afrodescendentes. Organizações como o Geledés Instituto da Mulher Negra criticaram o documento, alegando que ele retrata essas mulheres apenas sob a ótica da vulnerabilidade, sem destacar seu protagonismo.
A ministra Cida Gonçalves reconheceu a questão, mas explicou que a declaração foi o máximo que o Brasil conseguiu negociar com outros países. Em resposta, o governo brasileiro planeja emitir uma declaração própria para reforçar sua posição.
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