O Governo da Paraíba sancionou, nesta quinta-feira (11), uma lei que reconhece oficialmente o município de Cabaceiras como Capital Paraibana do Cinema e reforça a identidade de Roliúde Nordestina. A nova legislação foi proposta pelo deputado João Paulo Segundo e aprovada pela Assembleia Legislativa.
Segundo o texto, Cabaceiras recebe o reconhecimento por sua forte relação com a produção audiovisual característica que a tornou famosa em todo o Brasil devido ao grande número de filmes, séries, comerciais e demais produções gravadas em seu território.
A lei estabelece objetivos claros para fortalecer ainda mais essa vocação:
- Valorizar o patrimônio cultural, artístico e histórico de Cabaceiras;
- Fortalecer o turismo cinematográfico e a economia criativa da região;
- Incentivar projetos, ações e eventos voltados à produção audiovisual;
- Promover a imagem da Paraíba como polo de produção cultural e cinematográfica no cenário nacional.
Reportagem especial
Cabaceiras, município do Cariri Paraibano conhecido como a “Roliúde Nordestina”, voltou ao cenário internacional como tema de uma reportagem especial do The New York Times. Intitulada “Brazil’s Answer to Hollywood: A Sleepy Town of Dreams and Droughts”, a matéria foi escrita por Ana Ionova, colaboradora do jornal, e apresenta um retrato profundo da relação da cidade com o audiovisual, sua economia criativa e os desafios do presente.
Aninhada entre colinas áridas, Cabaceiras ostenta no alto de um morro o letreiro “Roliúde”, grafado à brasileira e inspirado no famoso símbolo de Hollywood. A cidade, de pouco mais de 5 mil habitantes, tornou-se palco de mais de 50 produções desde 1929, incluindo obras icônicas como O Auto da Compadecida e, mais recentemente, a série Cangaço Novo.
A reportagem destaca que as gravações representam um impacto econômico significativo para os moradores. A contratação de figurantes, o aluguel de casas, fazendas, cavalos e cabras movimenta a renda local e marca gerações de famílias que participam das produções. De acordo com a matéria, um papel silencioso pode render cerca de 30 dólares por dia, enquanto uma fala simples pode chegar a quase 300 dólares, valor superior ao próprio salário mínimo brasileiro.
O texto também aponta que as mudanças climáticas e a evolução tecnológica do setor audiovisual trazem novos desafios para a continuidade desse ciclo criativo, especialmente em uma região historicamente marcada pela seca.
A Embratur, responsável pela promoção internacional do turismo brasileiro, também destacou Cabaceiras como um dos maiores potenciais do País no segmento de turismo audiovisual. Segundo o órgão, o cenário singular do município e sua trajetória ligada ao cinema reforçam o interesse de turistas estrangeiros e ampliam a visibilidade do Brasil no mercado global.
Para Ferdinando Lucena, presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), o olhar internacional para Cabaceiras reafirma a força cultural do Cariri Paraibano.“Quando uma publicação do porte do The New York Times escolhe contar a história de Cabaceiras, estamos diante de uma oportunidade de mostrar ao mundo o valor da nossa cultura, da nossa criatividade e do nosso território. É um reconhecimento que reforça a importância do turismo de experiência e do papel transformador do audiovisual para a economia local”.
Ferdinando destaca ainda que esse movimento transcende as gravações. “As produções mexem com toda a cadeia econômica: pousadas, restaurantes, transporte, artesanato, serviços. É um ciclo que beneficia a comunidade e fortalece o empreendedorismo regional”.
A secretária de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba (Setde), Rosália Lucas, ressalta a relevância da reportagem para consolidar a imagem da Paraíba como um estado de grande potencial audiovisual e turístico. “Cabaceiras simboliza a força cultural do povo paraibano. Ver essa história contada em um dos maiores jornais do mundo é resultado de um trabalho coletivo que valoriza o Cariri, fortalece a economia criativa e mostra que nossas paisagens e tradições são capazes de dialogar com o mundo”.
A reportagem do The New York Times evidencia a resiliência da comunidade diante das transformações climáticas e tecnológicas. A cidade segue reafirmando sua identidade cultural e turística, combinando tradição, criatividade e futuro.
Cabaceiras, mais uma vez observada pelo mundo, mostra que o sertão é território de grandes histórias, e continua sendo cenário de sonhos que atravessam gerações.
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