Um ex-detento da prisão de Megiddo, onde o brasileiro-palestino Walid Khalid Abdalla Ahmad morreu, revelou à Organização das Nações Unidas (ONU) o tratamento que recebeu durante o tempo em que ficou preso no local. Segundo o prisioneiro, ele pensou que morreria após ser espancado no centro de detenção.
Brasileiro morto
- Um brasileiro morreu na prisão de Megiddo, após ser preso em 30 de setembro de 2024.
- Informações preliminares indicam que Walid Khalid Abdalla Ahmad, de 17 anos, morreu no último sábado (22/3).
- Ahmad teria sido preso por forças israelenses na Cisjordânia ocupada, onde vivia, em setembro de 2024
A informação sobre as condições do local foram divulgadas no último relatório da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado da ONU, publicado no último dia 13 de março. O documento acusou forças israelenses de usarem violência como arma de guerra na Faixa de Gaza, o que foi negado pelo governo de Benjamin Netanyahu.
“Eu estava ajoelhado com a cabeça baixa e as mãos amarradas atrás das costas”, disse o prisioneiro libertado de Megiddo, que não teve sua identidade revelada pela ONU por questões de segurança. “Eles me bateram e chutaram em todos os lugares do meu corpo, incluindo meu rosto e minhas genitais. Eu pensei que ia morrer”.
Usada para abrigar presos palestinos desde a década de 1980, após a invasão israelense no Líbano, Megiddo é considerada um centro de detenção de segurança máxima. O local é descrito pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como a “prisão mais perigosa do mundo”.
De acordo com o governo de Israel, o centro de detenção abriga prisioneiros adultos e menores de idade, que aguardam ou estão em processo de julgamento.
Inúmeras organizações pró-Palestina relatam diversos casos de abusos contra palestinos em Megiddo ao longo das últimas décadas. Em um relatório divulgado no último ano, a Comissão de Assuntos de Detidos e Ex-Detidos, agência governamental da administração da Palestina, disse que tortura sistemáticas, negligência médica e violência sexual são práticas comuns na prisão.
De acordo com dados do Clube de Prisioneiros Palestinos, 63 presos já morreram em centros de detenções de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza. A estimativa da organização não-governamental é de que mais de 9,5 mil palestinos estejam detidos em prisões israelenses, sendo mais de 350 crianças.
Morte cercada de mistérios
As circunstâncias envolvendo a prisão e morte do brasileiro ainda não foram esclarecidas por autoridades de Israel. A única informação fornecida pelo governo israelense foi a de que Ahmad morreu no último dia 22 de março.
As várias dúvidas envolvendo o caso fizeram com que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrasse, por meio do Ministério das Relações Exteriores, explicações da administração de Benjamin Netanyahu sobre a morte de Ahmad.
Até o momento, autoridades de Israel ainda não responderam ao pedido do governo brasileiro.