O Brasil está se consolidando como um dos principais polos de inteligência artificial na América Latina, com 144 unidades de pesquisa distribuídas em diferentes regiões e com atuação relevante em setores como ciências da vida, energia e agricultura.
É o que mostra um levantamento divulgado, nesta quinta-feira (27), pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), instituição ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O estudo foi demandado pela Embaixada do Reino dos Países Baixos e foi lançado durante o evento “Orange Dialogues”, em Brasília.
Os centros de pesquisa estão concentrados principalmente nas regiões Sudeste e Norte, com destaque para São Paulo, que lidera com 41 unidades, e o Amazonas, que aparece logo atrás com 22.
O trabalho traz um panorama inédito sobre o setor de IA no Brasil, com capítulos sobre políticas e regulação; projeções de investimentos públicos e privados pelos próximos anos; mapa dos centros de pesquisa; além de dados sobre o conhecimento científico e tecnológico desenvolvido no país.
A produção científica brasileira sobre o tema se destaca internacionalmente, com o país ocupando a 13ª posição no ranking mundial de publicações acadêmicas na área.
As unidades de pesquisa de IA no Brasil abrangem uma gama diversificada de setores, demonstrando a ampla aplicação das tecnologias de IA em toda a economia.
A posição do Brasil no cenário global de IA reflete uma interação complexa de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. O país se estabeleceu como líder da América Latina em pesquisa de IA, desenvolveu capacidades distintas em domínios estratégicos e implementou estruturas políticas abrangentes para orientar o desenvolvimento futuro.
No entanto, segundo o estudo, ainda há desafios na tradução de pesquisas em aplicações comerciais, expandindo a participação do setor privado e desenvolvendo capacidades tecnológicas soberanas.
De acordo com a pesquisa, ao focar em expertise complementar, estabelecer mecanismos de colaboração eficazes e desenvolver protocolos de transferência de conhecimento equitativos, o Brasil pode acelerar seu desenvolvimento de IA mantendo o alinhamento com as prioridades e valores nacionais.
Olhando para o futuro, a trajetória da IA do Brasil, ainda conforme o levantamento, provavelmente dependerá de vários fatores-chave: a implementação efetiva do Plano Brasileiro de IA (PBIA), o desenvolvimento de mecanismos para traduzir a pesquisa acadêmica em aplicações comerciais, a expansão da capacidade de IA em diversas regiões e o cultivo estratégico de parcerias internacionais que melhorem as capacidades domésticas, respeitando a soberania e as prioridades nacionais.
Ao aproveitar seus pontos fortes distintivos em saúde, sistemas de energia e gestão de recursos naturais, ao mesmo tempo em que aborda fraquezas estruturais por meio de intervenções políticas direcionadas e colaborações internacionais, o Brasil pode estabelecer uma posição mais proeminente e influente no ecossistema global de IA.
Essa posição não apenas contribuiria para o desenvolvimento econômico e bem-estar social no Brasil, mas também permitiria ao país moldar a evolução da IA de maneiras que reflitam seus valores, prioridades e perspectiva distinta sobre os desafios globais.