O mais recente Anuário Brasileiro da Educação Básica (aquela primordial para o desenvolvimento do estudante), divulgado pela Agência Brasil, mostra um retrato sombrio da Educação Brasileira e uma situação real e urgente do ensino no nosso país, e que vem se arrastando desde sempre. Os dados revelam uma crise profunda e persistente, que compromete o futuro de milhões de jovens e prejudica também o desenvolvimento nacional. O levantamento aponta que apenas 4,5% dos estudantes da 3ª série do ensino médio (de escolas públicas) demonstra um aprendizado considerado adequado em matemática e língua portuguesa, mostrando que esse índice é mais do que uma estatística, é um sintoma da falência de um sistema que clama por atenção.
Embora os números do Anuário revelem que a grande maioria das escolas, cerca de 95%, possui acesso a serviços essenciais como água potável e energia elétrica, um olhar mais atento aos detalhes mostra que ainda existem desafios significativos na infraestrutura escolar. Apenas 48,2% das escolas estão conectadas à rede de esgoto e somente 44,5% possuem internet com velocidade adequada para uso pedagógico. Além disso, espaços fundamentais para o desenvolvimento dos alunos, como bibliotecas e laboratórios de ciências, ainda não são uma realidade em mais da metade das escolas de Ensino Fundamental e Médio, respectivamente.
No centro de toda essa crise temos a desvalorização dos profissionais de educação, que teve de se contentar com um piso nacional de R$ 4.580,57 para uma jornada de 40 horas semanais em 2024, sendo assim uma das carreiras profissionais menos atrativa. Somando a problemática dos baixos salários, a falta de um plano de carreira e a sobrecarga de trabalho, ser professor se tornou uma profissão desmotivante e que acaba por afastar novos talentos. A consequência direta é a queda na qualidade do ensino, pois é impossível exigir excelência de profissionais que são sistematicamente desvalorizados e que, muitas vezes, precisam lutar para garantir sua própria subsistência.
A responsabilidade desse cenário estático da educação recai, em grande parte, sobre a classe política Brasileira. A educação deveria ser pauta prioritária de qualquer governo, em qualquer esfera, seja Federal, Estadual ou Municipal, comprometendo-se com o futuro. Orçamentos insuficientes, cortes de verbas e a falta de projetos consistentes e de longo prazo demonstram uma alarmante falta de incentivo e de visão estratégica. A ausência de um compromisso político robusto com a educação pública perpetua um ciclo de pobreza e desigualdade, negando a milhões de brasileiros o direito fundamental a um futuro digno.
Os resultados do Anuário Brasileiro da Educação Básica não devem ser vistos apenas como números em um relatório, mas como um chamado à ação. A sociedade civil, os educadores e a imprensa precisam cobrar uma mudança de rota imediata e contundente por parte dos nossos representantes políticos. Investir maciçamente na requalificação da infraestrutura escolar, na valorização real dos professores e na criação de políticas educacionais sérias não é uma opção, mas a única saída para que o país possa, de fato, se tornar uma nação mais justa e desenvolvida.
Para mais informações do Anuário, abaixo segue o link de acesso:
Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025
Piso Salarial dos Professores em 2024:
Divulgado novo valor do piso salarial dos professores — Ministério da Educação