Vivemos em um tempo marcado pelo excesso de informações. Notícias chegam em segundos, vídeos circulam aos milhares, e, mesmo assim, boa parte da população continua sem acesso ao conhecimento real, crítico e transformador. Essa contradição tem nome: agnotologia — o estudo da ignorância produzida intencionalmente. Em outras palavras, trata-se da fabricação da desinformação como estratégia de poder.
No Brasil, e especialmente no Nordeste, essa prática tem raízes profundas. A manipulação da ignorância sempre foi útil a certos grupos políticos que se beneficiam de um povo que vota sem compreender o sistema, que confunde promessas com soluções e que muitas vezes acredita em frases como: “às vezes, não saber é uma bênção.”
Mas não saber nunca foi bênção. É armadilha. É o que transforma o cidadão em dependente, em massa de manobra. A ignorância é o que impede o povo de entender seus direitos, de exigir políticas públicas eficientes, de cobrar transparência e coerência de seus representantes.
A quem interessa um povo desinformado? Interessa a quem não quer ser fiscalizado, a quem prefere uma população que se guie por medo, fake news ou discursos inflamados, e não por análise racional. Interessa a quem ganha votos com promessas vagas, com favores pontuais, com assistencialismo sem autonomia.
O Nordeste, terra de gente inteligente, trabalhadora e criativa, ainda sofre com os efeitos históricos da desigualdade educacional. Mas isso não pode ser usado como desculpa eterna. É preciso romper o ciclo. E romper esse ciclo passa, inevitavelmente, pela valorização da educação — pública, de qualidade, libertadora.
É preciso alertar: não basta se informar, é preciso compreender. A informação sem reflexão vira ruído. A leitura sem análise vira repetição. A internet, por si só, não educa. E as redes sociais, muitas vezes, reforçam bolhas e distorcem a realidade.
Aos nordestinos, e a todos os brasileiros, fica o apelo: não aceitem migalhas de verdade. Estudar, pensar, questionar não é luxo — é ferramenta de transformação social. A educação abre portas que nenhum político pode fechar. E o conhecimento protege contra promessas vazias e discursos manipuladores.
O povo precisa ser sujeito da sua história, e não apenas plateia do espetáculo político. Só assim será possível construir um país mais justo, onde a sabedoria popular se junte ao conhecimento formal, e ambos sejam força para mudar realidades.
Educação é poder. Desinformação é controle. A escolha entre os dois nunca foi tão urgente.
E para quem julga enfadonho ler, abaixo um vídeo que resume o texto acima.