O julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (25), pode provocar um realinhamento intenso na disputa eleitoral de 2026. A possibilidade de avanço do processo aumenta a pressão sobre a extrema-direita, que ainda não tem um nome capaz de substituir o capital político de Bolsonaro em uma eventual condenação.
Segundo a Folha de S.Paulo, o julgamento reacendeu, dentro da própria direita, a busca por uma nova liderança capaz de ocupar o espaço deixado por Bolsonaro. Embora ele siga como principal referência da base conservadora, sua inelegibilidade já decretada pelo (TSE) Tribunal Superior Eleitoral, somada à possível abertura de uma ação penal por tentativa de golpe, fragiliza ainda mais sua presença como ator direto nas eleições presidenciais do ano que vem.
Entre os nomes observados para eventual sucessão, aparecem Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. Ambos têm perfis mais técnicos e evitaram confrontos diretos com o Judiciário, o que poderia facilitar alianças mais amplas, inclusive com setores do empresariado e do centro político. No entanto, nenhum deles conseguiu até agora atrair o mesmo nível de engajamento popular que Bolsonaro mobiliza entre os eleitores mais fiéis.
Aliados próximos do ex-presidente seguem apostando que ele poderá transferir votos, como já demonstrou nas eleições municipais e estaduais de 2022. Analistas políticos apontam, porém, que o enfraquecimento judicial e a ausência dele nas urnas tornam essa transferência mais incerta. Além disso, os desdobramentos do julgamento podem provocar deserções internas ou até delações que desgastem ainda mais sua imagem.
Para o bolsonarismo, o julgamento será usado como argumento político: o discurso de perseguição por parte do Supremo seguirá alimentando a base mais radical. No entanto, caso a ação penal avance com força e os processos ganhem novos elementos, como depoimentos ou provas contundentes, parte do eleitorado pode buscar alternativas mais viáveis e com menor desgaste institucional.
Lula e o PT, por sua vez, acompanham o caso com atenção. Embora o Planalto evite fazer comentários públicos, interlocutores do governo avaliam que o avanço do processo contra Bolsonaro pode favorecer a fragmentação da direita e abrir caminho para uma reeleição menos turbulenta. Ainda assim, o governo trabalha com o cenário de que o bolsonarismo continuará forte — mesmo que sob nova liderança.
O desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF tem, portanto, um peso que vai além do Judiciário. Pode acelerar o fim de uma era e inaugurar uma nova disputa pelo controle da direita no Brasil, redesenhando alianças e estratégias para 2026.