As autoridades chinesas estão adotando medidas inusitadas para incentivar os jovens a se casarem e terem filhos. Em cidades como Luliang, na província de Shanxi, casais que registram união oficial recebem incentivos financeiros, na esperança de reverter a queda nas taxas de casamento e natalidade no país. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
A população chinesa tem encolhido nos últimos três anos. De 2023 para 2024, o número total de pessoas caiu em 1,39 milhão, passando de 1,409 bilhão para 1,409 bilhão. As uniões também caíram 20,5% no ano passado.
Em Luliang, o governo local oferece 1.500 yuans (cerca de R$ 1 mil) para casais que formalizam a união, valor que representa metade do salário médio urbano da cidade e mais do que a renda mensal de trabalhadores rurais.
“Acho que essa política é bastante eficaz para melhorar a situação conjugal e romântica”, disse o recém-casado Zhang Gang à agência de notícias AFP. ”Quando mencionei isso aos meus amigos, todos acharam ótimo”.
Mais filhos, mais dinheiro
Os incentivos financeiros fazem parte de um esforço maior para reverter a queda na taxa de natalidade do país. Em Luliang, além do benefício para casais, os pais recebem 2 mil yuans pelo primeiro filho, 5 mil pelo segundo e 8 mil pelo terceiro, além de contribuições para seguro médico infantil.
O governo chinês tem implementado iniciativas semelhantes em outras regiões. No condado de Shangyou, na província de Jiangxi, as famílias são recompensadas financeiramente pelo segundo ou terceiro filho. Em Tianmen, província de Hubei, os subsídios chegam a 165 mil yuans para famílias com três crianças.
Jovens céticos
Apesar das medidas, muitos jovens continuam relutantes em se casar e ter filhos. O jornal indiano The Times of India aponta que a queda nos casamentos está ligada a uma série de fatores, incluindo dificuldades econômicas, custos elevados com educação infantil e um mercado de trabalho desafiador para os recém-formados.
Para as mulheres, ainda pesa a desigualdade de gênero na escolha dos parceiros.
A casamenteira Feng Yuping, de Luliang, afirmou à AFP que há uma disparidade crescente entre homens e mulheres. “Um homem que trabalha em uma empresa estatal pode ter um diploma de bacharel, mas ele nem sequer olha para uma garota com um mestrado em serviço público”, disse ela. “As mulheres agora têm sua própria renda estável e podem estar menos interessadas em se casar. E não há muitos homens bons”.
O Conselho de Relações Exteriores da China diz que o número de casamentos caiu para 6,1 milhões em 2024, uma redução de 55% em relação ao pico de 13,47 milhões em 2013.
“Mesmo contabilizando irregularidades estatísticas, os declínios nas taxas de casamento da China são extremos”, afirma o órgão.
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