Escolhido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ser o novo reitor da Universidade de São Paulo (USP), o médico infectologista Aluísio Segurado assinou, em 2022, um manifesto em apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com críticas ao governo Jair Bolsonaro (PL), padrinho político do chefe do Executivo paulista.
Por meio da assessoria de imprensa da USP, Segurado afirmou que o manifesto, datado de 2022, no contexto da eleição presidencial, “reafirma convicções aderentes aos valores cultivados na USP de defesa da ciência, da excelência acadêmica e da democracia”.
Procurado, o governo de São Paulo não se posicionou.
Segurado foi o mais votado na eleição realizada no dia 27 de novembro pela USP. A ex-diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Ana Lúcia Duarte Lanna e o professor da Escola Politécnica Marcílio Alves ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Tarcísio poderia optar por qualquer um dos três. Ele preferiu seguir a tradição e escolheu o primeiro colocado.

O novo reitor da USP, Aluísio Segurado, escolhido por Tarcísio de Freitas para o cargo Foto: Felipe Rau/Estadão
Em agosto de 2022, professores e alunos da Faculdade de Medicina fizeram um abaixo-assinado intitulado “Manifesto pela democracia em nosso país”. O documento, assinado pelo agora reitor da instituição, dizia que o governo Bolsonaro estava trabalhando contra os interesses da população em todos os campos e que a “condução desastrosa do presidente” na pandemia resultou em dezenas de milhares de mortes e sequelas evitáveis.
O manifesto trata a eleição daquele ano como uma decisão entre continuar a “devastação cívica” ou traçar um novo caminho voltado à eliminação da miséria e redução das desigualdades, e termina declarando apoio a Lula.
“Entre as candidaturas postas, não temos dúvida de que a chapa Lula-Alckmin é a que apresenta viabilidade eleitoral para reconstruir os pilares de nossa democracia e de uma sociedade que se caracterize pela atenção e diminuição das iniquidades sociais e econômicas, da intolerância e da violência”, diz o texto.
Segurado também criticou Bolsonaro em uma entrevista publicada no portal do jornal Contacto em novembro de 2019, quando o ex-capitão ocupava a Presidência. Na ocasião, o docente relatou sua preocupação com o pensamento “conservador e moralista” do governo que, em sua visão, prejudicava o combate ao HIV, vírus da aids.
Ele tomará posse como reitor no dia 25 de janeiro para um mandato de quatro anos. Em uma entrevista recente à TV USP, ele elencou como principais desafios a rediscussão sobre o modelo de financiamento da universidade após a implementação da reforma tributária.
A principal fonte de financiamento da instituição é a cota-parte de 5,02% do ICMS arrecadado pelo governo de São Paulo. O imposto, contudo, será extinto gradualmente até 2033, quando será substituído pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
De acordo com o reitor, outros desafios são aprimorar o convívio e “reforçar o pertencimento inclusivo de todas as pessoas na USP que temos hoje, mais plural e diversa”, além de adaptar a universidade à transformação digital do mundo contemporâneo, incorporando novas tecnologias nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.


