O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai conversar em breve com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), sobre o acirramento da disputa no Ceará. Lula começou a chamar ministros que pretendem concorrer às eleições para definir a dança das cadeiras de 2026, como mostrou o Estadão.
Embora já tenha falado com Camilo sobre o assunto, o presidente afirmou a jornalistas, em café da manhã, na quinta-feira, que terá novo tête-à-tête com o ministro, no início de 2026.
Lula não disse, mas as últimas pesquisas relativas à sucessão do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), assustaram o partido.
Levantamento da Ipsos/Ipec divulgado na sexta-feira, por exemplo, mostra que, se as eleições fossem hoje, Ciro Gomes (PSDB) teria 44% dos votos, enquanto Elmano ficaria com 34%. Com a menor taxa de rejeição entre os adversários, Ciro também venceria no segundo turno.

Camilo Santana e Ciro Gomes: de aliados no passado a adversários na disputa de 2026 Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil e André Ribeiro/Estadão
Ex-governador, Camilo é visto pelo PT como uma possibilidade para concorrer no lugar de Elmano, que resiste a essa alternativa e diz não abrir mão da candidatura.
O ministro da Educação, por sua vez, é senador licenciado e ainda tem quatro anos de mandato. Se sair do governo é porque vai entrar no páreo do Ceará.
Pesquisas em poder do Palácio do Planalto também indicam que Camilo é o único nome com potencial para derrotar Ciro. É justamente sobre esse cenário que Lula quer conversar com o ministro. Hoje, Fortaleza é a única capital administrada pelo PT, que considera a manutenção do Estado sob seu comando como uma questão de honra.
No ano passado, a eleição para a prefeitura de Fortaleza foi bem difícil para o PT e Camilo precisou desembarcar na cidade para ajudar na campanha contra o bolsonarismo.
Na avaliação do ministro da Educação, o PT deveria agora deixar a escolha do concorrente ao Senado, em 2026, para os partidos aliados. Seria um gesto para ampliar a aliança em torno de Elmano.
O comentário de Camilo desagradou ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que é pré-candidato ao Senado e avisou que não desistirá da disputa.
Ciro Gomes já foi aliado e ministro de Lula, mas rompeu com o PT e o presidente. Recentemente, ele deixou o PDT e voltou para o PSDB, partido pelo qual governou o Ceará de 1991 a 1994. No fim da gestão Itamar Franco, ainda nas fileiras tucanas, Ciro comandou o Ministério da Fazenda, cargo que ocupou por quatro meses.


