BRASÍLIA – O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o governo federal deve enviar menos projetos ao Congresso Nacional em 2026, ano eleitoral, e que as principais bandeiras serão o projeto de redução da jornada de trabalho e a “tarifa zero”. As declarações ocorreram em café da manhã com jornalistas em Brasília, nesta terça-feira, 16.
“Para esse próximo ano, pessoal, eu vou dizer uma coisa a vocês: é um ano eleitoral, é um ano que a gente não vai querer acionar tanto o Parlamento”, afirmou. “Eu acho que, só em temas que são decisivos. Nós colocamos um aqui, que é 6×1, colocamos tarifa zero, mas não temos muita ilusão de que é um ano que a gente vai ter muita margem de manobra para aprovar projetos de todo tipo. Nem é nosso interesse”.

Lindbergh está encerrando a sua passagem pela liderança do PT na Câmara neste mês Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
“Então, a gente só vai mandar para cá projetos que são extremamente necessários, porque a gente sabe que o ambiente eleitoral vai estar tomando conta da disputa. Para falar a verdade, já tomou esse semestre”, acrescentou.
Durante a entrevista, Lindbergh disse que 2026 “não é ano de ficar inventando moda na Câmara”. Segundo o líder do PT, a escala 6×1 e a gratuidade no transporte público serão “pautas muito fortes” na campanha eleitoral do partido. “Nós vamos entrar com duas pautas muito fortes, que é o fim da escala seis por um, que está crescendo, e a tarifa zero”, afirmou.
O deputado disse ainda que a questão da jornada de trabalho não demanda uma proposta de emenda à Constituição (PEC), formato pelo qual tramita o projeto na Câmara e que exige um rito mais rigoroso para a aprovação no Congresso Nacional. “Não é necessário PEC para aprovar a jornada”, afirmou.
Lindbergh está encerrando a sua passagem pela liderança do PT na Câmara neste mês. O cargo é responsável por dirigir as reuniões da bancada do partido, defender os interesses da legenda nas reuniões de líderes partidários com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e encaminhar orientações nas votações. O próximo deputado a ocupar o posto será Pedro Uczai (PT-SC).
Lindbergh defendeu ainda a designação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como candidato na eleição do ano que vem, por considerar que o PT não pode “se dar o luxo” de não tê-lo na disputa.
“Vai ser o presidente Lula que vai conversar com o Haddad para discutir o papel dele no próximo período. Eu só posso dizer uma coisa aqui: nós não podemos nos dar o luxo de não ter Haddad disputando o processo eleitoral. Porque a gente vai ter que ir com toda a nossa força. Então, aqui não é qualquer coisa, e Haddad é uma das maiores forças que a gente tem”, afirmou Lindbergh.
“Eu não consigo ver o ministro Haddad sem disputar o processo eleitoral, porque ele é importante para o projeto, ele é importante para o Lula e ele é importante para a democracia”, disse.
Haddad pretende deixar o Ministério da Fazenda no próximo ano para cuidar da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição. O ministro não quer concorrer como candidato.
A jornalistas, Lindbergh relembrou divergências que teve com Haddad sobre o arcabouço fiscal, mas enalteceu o ministro. “Ele é um dos maiores quadros que a gente tem, é um dos quadros extraordinários que a gente tem. Claro, tem sempre o que ele prefere, mas, com certeza, ele é uma peça eleitoral, para a gente, muito importante.”
“E o presidente Lula, com certeza, deve ter um plano na cabeça dele para o Haddad. A eleição de São Paulo é uma eleição muito importante. Vamos ter que disputar com um nome forte. Mas isso é o tipo de coisa que quem vai decidir é o presidente Lula, no diálogo. É assim que funciona aqui também, um pouco”, afirmou.


