A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson de Melo – que morreu após invadir o recinto de uma leoa no Zoológico de João Pessoa – detalhou um pouco do histórico do jovem de 19 anos. Conforme apurou o ClickPB, em entrevista ao programa Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM, a conselheira citou que Gerson não teve amparo familiar ou psicológico.
Conforme explicado pela conselheira, a mãe do jovem tinha problemas psicológicos e ele e seus irmãos foram colocados para adoção. Em um dos episódios citados por Verônica, Gerson chegou a tentar voltar a ter contato com a genitora, que lhe disse que não era mais sua mãe.
“Não entre, não venha, não fique perto de mim. Não sou mais sua mãe, o juiz disse que não sou mais sua mãe”, disse a mulher, segundo detalhou a conselheira tutelar. Na época, ele tinha apenas 10 anos.
“Quando ela falou isso, ela não falou por crueldade. Ela também foi uma mulher negligenciada na sua saúde mental. Ela é… é gritante. Ela não sai do surto. Ela fica em surto o tempo inteiro. Foi tentado algumas vezes que ele se reaproximasse dessa mãe, mas não tinha condições”, explicou como acompanhou o ClickPB.
Ao longo da entrevista, a conselheira explicou que o jovem, ao menos à época em que foi acompanhado pelo conselho tutelar, não tinha envolvimento com drogas. “Tinha uma coisa interessante nessa época. Gerson não usava drogas” , disse.
Criança sem direitos
Verônica afirmou no Arapuan Verdade que Gerson foi uma criança sem direitos e que deveria ter tido acesso a atendimentos psicológicos. “Ele foi uma criança sem direitos, foi um adolescente sem direitos e foi um adulto num curto espaço de tempo sem nenhum direito. Ele precisava de cuidados na saúde mental”, declarou.
“Gerson deveria ter sido atendido pela rede de saúde mental já nos primeiros anos em que foi identificado que ele era diferente. Como Gerson, nós temos diversos no conselho tutelar”, disse em entrevista à Arapuan FM.
Sobre a falta de vagas para atendimentos em saúde mental, a conselheira explicou que, após a pandemia, há uma demanda ‘absurda’. “Nós hoje temos uma demanda de saúde mental, pós pandemia absurda. Nós não temos mais para onde encaminhar. Porque não tem vaga. Nós só temos o instituto dos cegos, e o centro de referência à pessoa com deficiência atendendo João Pessoa toda. A Funad ela não tem mais condições, ela atende o estado. Quando a gente liga, ela ainda abre uma exceção e coloca”, pontuou.
Na entrevista, ela classificou como o maior culpado pela omissão no caso Gerson, o poder público.
Relembre o caso
Como trouxe o ClickPB, Gerson de Melo Machado, 19 anos, morreu ontem (30) após invadir o recinto da leoa Leona, no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, no bairro do Róger, em João Pessoa. No momento do ocorrido o parque recebia diversos visitantes, que chegaram a filmar o ocorrido e compartilhar o conteúdo nas redes sociais.
O corpo de Gerson foi submetido à necropsia para estabelecer a causa mortis. Segundo a análise feita pelo chefe do Instituto de Medicina Legal (IML) de João Pessoa, Gerson morreu por choque hemorrágico (hemorragia) consecutiva a ação perfurocontundente de vasos cervicais.
Também foi solicitado exame toxicológico complementar. O corpo do jovem foi reconhecido apenas hoje por familiares e o enterro estava previsto para ocorrer durante a tarde.
CLICKPB


