O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), estão considerando lançar um nome ligado às igrejas evangélicas para a segunda vaga ao Senado nas próximas eleições em São Paulo. Essa possibilidade gerou uma disputa entre as diferentes denominações evangélicas, que possuem preferências variadas, conforme informações do Globo.
A estratégia de incluir um evangélico na chapa tem como objetivo fidelizar o eleitorado de baixa renda, que costuma ser mais influenciado pelos cultos. Embora líderes evangélicos neguem qualquer tipo de pressão sobre Tarcísio, muitos defendem a ideia e mencionam possíveis nomes de projeção, especialmente entre os deputados federais.
Nos planos de Bolsonaro e Tarcísio, o candidato ao Senado seria escolhido para concorrer ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado após ter fugido para os Estados Unidos, onde questiona o julgamento de seu pai, Jair Bolsonaro, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), relacionado à tentativa de golpe de Estado.
Gilberto Nascimento (PSD-SP), eleito presidente da Frente Parlamentar Evangélica, argumenta que a grande quantidade de eleitores evangélicos é uma justificativa forte para lançar uma candidatura. De acordo com o IBGE, em 2010, os evangélicos representavam 22% da população de São Paulo, e pesquisas mais recentes sugerem que esse número poderia ser superior a 35%.
“Podemos imaginar que sejam pelo menos 35%, o que dá mais de um terço dos eleitores. Qualquer nome que venha dos evangélicos pode ser importante, pode ser um nome forte. Isso faz sentido”, disse Nascimento.
Divergências
No entanto, há divergências na escolha do nome para a vaga no Senado. Na semana passada, o pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus no Brás, elogiou publicamente Tarcísio e até mencionou a possibilidade de ele se lançar à presidência contra Lula em 2026, com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disputando o Palácio dos Bandeirantes.
Após o encontro, aliados da igreja apontaram o deputado Cezinha de Madureira (PL-SP) como uma alternativa para o Senado, mas outras denominações evangélicas têm suas próprias preferências.
Na Assembleia de Deus, ministério de Belém, o pastor José Wellington Bezerra Costa, com forte ligação com Bolsonaro e sua base, também é uma figura influente. Ele é pai de três políticos: o deputado Paulo Freire Costa (PL), a deputada estadual Marta Costa (PSD) e a vereadora Rute Costa (PL). Bezerra Costa controla a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, a maior do país.
Por outro lado, a Igreja Universal, liderada pelo bispo Edir Macedo, tem fortes laços com o Republicanos, partido de Tarcísio. Marcos Pereira, presidente nacional da sigla, é deputado federal e bispo licenciado, mas foi recentemente preterido na disputa pela presidência da Câmara, em favor de Hugo Motta.
Pereira também entrou em confronto com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, após declarar que não era o momento de discutir anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro já se manifestou publicamente sobre sua intenção de disputar uma vaga ao Senado com um indicado seu, deixando a outra vaga para Tarcísio. Contudo, esse acordo ainda não foi fechado entre os partidos aliados de Tarcísio, que, em tese, juntos construiriam a chapa para o próximo ano no estado de São Paulo.