Um avião fretado pela companhia aérea venezuelana Conviasa de Honduras, que transportava 199 migrantes deportados dos Estados Unidos, pousou na Venezuela nesta segunda-feira (24/3) à 1h, no horário local. Os voos haviam sido suspensos há um mês.
“Hoje, estamos recebendo 199 compatriotas”, disse o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, no Aeroporto Internacional de Maiquetía, na capital Caracas.
O voo ocorre uma semana após a deportação de 238 venezuelanos para uma prisão de segurança máxima em El Salvador, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, qualificou de “sequestro”.
Este é o quarto voo que transporta venezuelanos deportados dos Estados Unidos. Eles haviam sido interrompidos depois que Trump, insatisfeito com o ritmo das deportações, revogou a licença concedida pelo ex-presidente Joe Biden ao grupo petrolífero norte-americano Chevron para operar na Venezuela, no final de fevereiro.
Caracas acusa o Departamento de Estado dos EUA de “bloquear” os voos de repatriação. “Os voos estão aumentando”, disse Cabello, e “se as viagens foram irregulares, não é por causa da Venezuela. Estamos prontos para receber os venezuelanos onde quer que estejam.”
A Venezuela e os Estados Unidos romperam relações diplomáticas em 2019, durante o primeiro governo Trump. Na época, ele impôs um embargo de petróleo após considerar ilegítima a primeira reeleição de Nicolás Maduro em maio de 2018. Washington também não reconheceu a reeleição do líder venezuelano após as eleições de 2024.
Gangue Tren de Aragua
Em relação aos cidadãos venezuelanos transferidos para El Salvador em 16 de março, os Estados Unidos os acusam de pertencer à gangue Tren de Aragua, classificada como organização terrorista pelo presidente Trump. Caracas denuncia uma campanha para criminalizar os migrantes.
Washington cita uma lei de 1798 que permite a expulsão sem julgamento de “inimigos estrangeiros”, que Caracas descreve como “antiquada” e também considerada “problemática” por alguns juízes americanos.
“Gostaríamos que o próximo telefonema (dos Estados Unidos) fosse favorável à libertação dos cidadãos sequestrados em El Salvador. Estamos aguardando uma resposta do governo de El Salvador”, disse Cabello.
Desde 2014, quase 8 milhões de venezuelanos deixaram seu país, fugindo do colapso econômico e da inflação. O governo venezuelano culpa as sanções dos EUA pela crise no país.
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