O Arquivo Nacional dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira milhares de páginas de documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963.
Os registros foram disponibilizados no site do Arquivo Nacional, juntando-se a outras liberações feitas em 2023, 2022, 2021 e 2017-2018.
A liberação inicial desta terça-feira incluiu 1.123 documentos, somando 32.000 páginas. Mais tarde, uma segunda leva trouxe 1.059 registros adicionais, totalizando 31.400 novas páginas.
Os documentos revelam que a CIA planejou e executou operações de “propaganda negra” (“black propaganda”) no Brasil.
A “propaganda negra” é um tipo de desinformação conduzida por governos ou organizações para enganar o público, fazendo parecer que a informação vem de um adversário.
Essas operações envolvem a disseminação de boatos, falsificação de documentos e construção de narrativas que servem a interesses estratégicos.
De acordo com um documento datado de 31 de dezembro de 1963, a CIA e outras agências dos EUA discutiram programas psicológicos relacionados a Cuba. Um dos temas mencionados foi a reunião da CUTAL (Central Unificada dos Trabalhadores da América Latina), que estava marcada para ocorrer no Rio de Janeiro, de 24 a 28 de janeiro de 1964. O documento detalha ações para desestimular a participação e enfraquecer o encontro, incluindo:
Essas ações estavam alinhadas à estratégia mais ampla dos EUA na América Latina, especialmente ao apoio ao golpe militar de 1964 no Brasil. O documento indica que os EUA já estavam envolvidos em guerra informacional e manipulação no Brasil antes do golpe, reforçando a narrativa de uma crescente ameaça comunista.
Essa campanha de desinformação ajudou a justificar e legitimar a deposição do presidente João Goulart, facilitando a instalação de um regime militar alinhado aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos.
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