Desde que assumiu o Palácio do Planalto para um terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vinha tentando acomodar o ex-ministro Guido Mantega em uma posição administrativa.
A primeira tentativa foi na mineradora Vale. O petista, no entanto, enfrentou forte resistência entre os acionistas privados. Também foi cotado para ocupar uma secretaria na equipe econômica, mas também foi convencido a desistir.
Passados quase dois anos e meio de seu terceiro mandato, Lula enfim tomou a decisão. Indicou Mantega para o conselho fiscal da Eletrobras. O objetivo, dizem assessores do presidente, seria dar nova chance ao ministro mais longevo da Fazenda.
Lula sempre afirmou que considera Mantega, assim como ele próprio, injustiçado pela Operação Lava Jato. Ambos foram presos pela operação.
Em 2016, Mantega foi detido sob acusação de ter pedido recursos a empresários para pagar dívida de campanha do PT. No dia da prisão, o ex-chefe da equipe econômica acompanhava a esposa em uma cirurgia contra um câncer.
A repercussão negativa do episódio levou o então juiz Sérgio Moro a revogar a prisão no mesmo dia. Na época, Mantega chegou a evitar frequentar locais públicos por receio de hostilidades. Posteriormente, acabou absolvido.
O ex-ministro também chegou a ser inabilitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para ocupar cargos públicos devido ao seu envolvimento nas “pedaladas fiscais”, que levaram ao impeachment de Dilma Rousseff. O impedimento foi anulado em 2023.
Desde então, Mantega passou a atuar como um conselheiro informal de Lula. Ele ajudou, por exemplo, no pacote fiscal anunciado pelo Ministério da Fazenda no final do ano passado.
Para o presidente, Mantega foi perseguido e merece estar novamente à frente de um posto administrativo para provar ser um bom gestor e, consequentemente, melhorar sua imagem pública.
A indicação de Mantega para a Eletrobras só foi possível após o governo e a companhia firmarem um termo de conciliação para encerrar a disputa judicial sobre a limitação do poder de voto dos acionistas a 10%, tema em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Pelo acordo, o governo garantiu três cadeiras no conselho de administração e uma no conselho fiscal.