A guerra tarifária liderada pelos Estados Unidos, sob o comando do presidente Donald Trump, continua a gerar impactos profundos na economia global e no cenário político interno. Neste domingo (2), Trump admitiu publicamente que as tarifas impostas ao México, Canadá e China podem causar “alguma dor” para os norte-americanos.
Enquanto Wall Street e os maiores parceiros comerciais dos EUA expressam esperança de que o conflito comercial seja passageiro, as tensões internas se intensificam, alimentando temores de um colapso social. Em um país no qual a população é altamente armada e episódios de violência política marcam a história, o risco de uma escalada para conflitos civis generalizados ganha contornos reais.
As tarifas impostas pelos EUA, especialmente sobre produtos chineses, visam fortalecer setores como a indústria siderúrgica e a agricultura
No entanto, os resultados são assimétricos. Enquanto regiões industriais se beneficiam de subsídios e proteção comercial, agricultores do Centro-Oeste enfrentam retaliações chinesas que devastam suas exportações, levando a falências e protestos.
Estados rurais, já economicamente vulneráveis, acumulam dívidas, enquanto cidades com forte base industrial celebram empregos temporários. Essa divisão econômica aprofunda o abismo entre a “América Urbana” e a “América Rural”, alimentando ressentimentos que transcendem o debate comercial.
A guerra tarifária simboliza a fratura política dos EUA. Essa divisão reflete a radicalização da extrema-direita, com episódios de terrorismo doméstico cada vez mais comuns.
Trump, ao mesmo tempo que alerta para a “dor” econômica, normaliza retóricas confrontacionais, enquanto a oposição o acusa de sabotar a democracia. Em um cenário de crise, a violência política, frequente em protestos recentes, pode escalar rapidamente.
A identidade nacional dos EUA está fragmentada. Para muitos conservadores, as tarifas representam uma defesa contra a “ameaça globalista”; para progressistas, são prova do desprezo de Trump por alianças internacionais.
Essa divisão alimenta narrativas de “nós contra eles”, tanto em relação a países estrangeiros quanto a compatriotas. A desconfiança nas instituições, agravada por acusações de fraude eleitoral e corrupção, mina a coesão social.
Em um país onde 40% dos lares possuem armas de fogo, discursos inflamados podem transformar rivalidades políticas em confrontos físicos. As mídias sociais amplificam teorias conspiratórias e discursos de ódio, acelerando a radicalização. Plataformas como X e Facebook viralizam narrativas distorcidas sobre as tarifas, culpando adversários políticos pela crise econômica.
Paralelamente, a cultura de armas nos EUA — com mais de 393 milhões de armas em circulação — transforma tensões políticas em risco real de violência. Aberrações como o ataque ao Capitólio em 2021 mostram como grupos armados podem agir para impor agendas políticas, criando um precedente perigoso.
A combinação de polarização extrema, desigualdade econômica e acesso fácil a armas coloca os EUA em um terreno explosivo. Milícias organizadas, como os Proud Boys e Oath Keepers, já se preparam abertamente para “proteger a nação” de supostas ameaças internas.
Em estados como Texas e Montana, líderes locais falam em secessão caso políticas federais contrariem seus valores. A violência, antes restrita a ataques isolados, pode se tornar coordenada se a crise tarifária desencadear uma recessão prolongada, aprofundando o desespero econômico e a ira política.
A guerra tarifária não é apenas uma disputa comercial — é um sintoma de divisões que corroem os EUA há décadas. Com uma população armada, instituições frágeis e líderes que alimentam conflitos em vez de diálogo, o país caminha sobre um fio.
A esperança de Wall Street por uma solução rápida contrasta com a realidade de uma nação onde a violência política já é normalizada. Se as tensões econômicas e sociais não forem contidas, a “alguma dor” prevista por Trump pode se transformar em uma tragédia histórica: o colapso da unidade nacional.
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