O Sabadinho Bom deste final de semana tem como atração o grupo ‘Samba Se Ata’ que, como o próprio nome sugere, vai levar o ritmo do samba para a Praça Rio Branco. O evento, que em novembro traz uma programação voltada para o mês da Consciência Negra, é realizado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), começa às 12h30 e é gratuito.

O diretor executivo da Funjope, Marcus Alves afirma que o Sabadinho Bom tem sido uma experiência de enorme sucesso para a cidade de João Pessoa. Ele observa que, na Praça Rio Branco, a Funjope tem conseguido desenvolver um trabalho extremamente forte com grupos de samba, de choro e músicos da cidade, de maneira que o morador e o turista têm sempre a boa música para seu divertimento nas tardes de sábado.

“Ali também é um ambiente onde temos conseguido fazer o desenvolvimento de uma economia local porque a festa se desdobra para além do Sabadinho Bom e da Praça Rio Branco, ajudando a empreendedores e ao comércio ambulante daquele território. Bares, cafés, restaurantes são beneficiados com as nossas ações culturais, e o público tem o privilégio de contar com músicos, cantores e cantoras, de extrema qualidade”, destacou.

Para Jad Santos, uma das integrantes do Samba Se Ata, o evento é um projeto extremamente relevante para o fortalecimento da identidade cultural da cidade de João Pessoa. Ela observa que a própria Praça Rio Branco já tem um valor histórico bem definido, onde estão concentrados muitos pontos de comércio e destaca que o Sabadinho Bom vai além desse valor histórico.

“Ele propicia um ambiente múltiplo onde circulam pessoas em toda sua diversidade e, a partir disso, possibilita essa experiência de troca intercultural. Ao mesmo tempo, ressignifica um espaço que foi ponto de muito martírio nesse período da escravidão do povo preto”, comenta.

O Sabadinho, conforme Jad, traz a energia do samba que é uma grande festa onde vive a resistência de um povo que foi comercializado e tratado como se não fosse gente. “O Sabadinho Bom tem essa potência de ressignificação e fortalecimento dessa ancestralidade do povo negro que permeia cada espaço histórico dessa cidade que estava sendo, de certa forma, não reconhecido”.

Dora Gallindo, que também compõe o Samba Se Ata, observa que, por ser um evento gratuito, democratiza o acesso à cultura e, por conta disso, permite que pessoas diversas ocupem a praça. Além disso, é um palco para que os artistas locais possam apresentar a sua arte. “O Sabadinho valoriza e incentiva o comércio local, tendo uma importância histórica de resgate dessa ancestralidade da cultura negra. Ocupar um espaço histórico e ressignificar essa importância é democratizar o acesso à cultura para toda a população. Também é um evento turístico porque quem vem para João Pessoa precisa passar pelo Sabadinho Bom. Para nós, é muito importante ocupar esse espaço”, diz.

O repertório que será apresentado é fruto de pesquisa coletiva das integrantes da banda e das identidades e trajetórias de cada artista do grupo que é composto por mulheres de diversas partes do país e prioriza as mulheres compositoras no samba. Inclusive, como fruto dessas pesquisas, o grupo tem, nas plataformas digitais de música, o podcast ‘Quiçambas memoráveis das mulheres compositoras’.

O Samba Se Ata vai levar para o Sabadinho Bom principalmente o samba em sua complexidade e vertentes, apresentando sambas de roda, samba reggae, samba enredo e ritmos ancestrais do próprio samba, a exemplo do jongo e ijexás.

O repertório passa por músicas amplamente conhecidas das chamadas matriarcas do samba, como Zé do Caroço, de Leci Brandão e Alguém me avisou, de Ivone Lara, a tradicionais sambas de roda, como a Tira de Samba de Roda das Ganhadeiras de Itapuã, além de músicas de artistas de gerações posteriores, como Acalanto, de Teresa Cristina e Povoada, de Sued Nunes. Serão executadas ainda músicas autorais de integrantes do grupo como Gira de Sereia, de Tessy Priscila Pavan; Samba Se Ata, de Bruna Ávila e Feminino Divino, de Ana Regina Limeira.

A banda Samba Se Ata é formada por sete mulheres. No ilu, na caixa, pandeiro, tamborim, apito e maraca, Bruna Ávila; no ilu, Jad Santos, que também toca tamborim, pandeiro, gonguê e agogô; fechando o trio dos tambores, Dora Gallindo, toca ilu, alfaia, tantan e pandeiro. Na voz, Tessy Priscila Pavan e Ana Regina Limeira, que também vão presentear o público com a harmonia do violão. Compondo o coro, Suzany Silva na voz e nos brilhos, como o ganzá e a maraca; e Letícia Carvalho, que além do instrumento voz, toca alfaia, ganzá e maraca.

“Nós sempre temos a expectativa de transformar os espaços onde nos apresentamos em terreiros da alegria, como diz uma de nossas canções, entendendo que terreiro é todo espaço praticado na dimensão de encantamento do mundo, como nos ensina o professor Luiz Antônio Simas. Nós, como frequentadoras do projeto Sabadinho Bom, nunca saímos da praça da mesma maneira que chegamos e esperamos que o público também volte para suas casas tocado pelo som dos nossos tambores”, comenta Dora Gallindo.

O trabalho das artistas é uma homenagem às Matriarcas do Samba, que em sua maioria são mulheres negras nem sempre reconhecidas historicamente. Para esta apresentação, o grupo conta com a participação de Daniel Ferreira, artista paraibano independente que em 2024 conquistou o segundo lugar no Festival de Música da Paraíba, interpretando a canção Negro Poder, de Ana Regina Limeira e Sandra Belê.