O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a cadeia nacional de rádio e televisão na noite deste domingo, 30, por volta das 20h30, para defender a nova lei de isenção do Imposto de Renda (IR) para aqueles que recebem até 5 mil reais mensais. Em um pronunciamento de cerca de seis minutos, o líder petista defendeu a medida como um passo decisivo no combate à desigualdade e um “estímulo extraordinário” para a economia brasileira.
A nova legislação, que foi aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado e sancionada pelo presidente na quarta-feira, 26, entrará em vigor já em janeiro de 2026. A medida não apenas isenta totalmente os salários de até 5.000 reais, mas também reduz o imposto para aqueles que recebem entre 5.000 reais e 7.350 reais.
Um dos pontos centrais do discurso foi a defesa do mecanismo de compensação da isenção. Lula assegurou que o impacto financeiro não será coberto por cortes na saúde ou na educação, mas sim pela taxação dos chamados “super-ricos”. O grupo alvo da taxação compreende 0,1% da população, cerca de 140 mil pessoas, que ganham mais de 1 milhão de reais por ano e que, antes, pagavam “nada ou quase nada de imposto”. Com a nova lei, esses super-ricos contribuirão com até 10% de imposto sobre a renda.
Lula foi enfático ao afirmar que a medida ataca a “principal causa da desigualdade no Brasil: a chamada injustiça tributária”. O presidente criticou veementemente os “privilégios” acumulados pela elite brasileira ao longo de 500 anos. Ele classificou como o “mais vergonhoso” dos privilégios o fato de a elite pagar menos Imposto de Renda do que a classe média e os trabalhadores. O presidente comparou a tributação de quem vive do trabalho, que paga até 27,5% de IR, com a daqueles que vivem de renda, que pagam em média apenas 2,5%.
“Quem mora em mansão, tem dinheiro no exterior, coleciona carros importados, jatinhos particulares e jet-skis, paga dez vezes menos do que uma professora, um policial ou uma enfermeira”.
O presidente listou ainda diversas conquistas de sua gestão, como a volta do Brasil ao ranking das 10 maiores economias do mundo, a segunda retirada do país do Mapa da Fome, a projeção da menor inflação e menor taxa de desemprego da história. Apesar dos avanços, ele lembrou que o Brasil continua um dos países mais desiguais do mundo, com o 1% mais rico acumulando 63% da riqueza nacional.
Lula concluiu reafirmando que a mudança no IR é apenas o “primeiro passo”. Ele garantiu que o governo seguirá “firme combatendo os privilégios de poucos para defender os direitos e as oportunidades de muitos”. A isenção do Imposto de Renda é considerada uma medida que resgata o princípio constitucional da tributação de acordo com a capacidade contributiva, e que tem potencial redistributivo, devendo ser um tema central no debate político das próximas eleições.
PARAÍBA DA GENTE


