A manifestação flopada liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último sábado (16) em defesa da anistia aos presos do golpe de 8 de janeiro teve pouca influência sobre o centrão, segundo lideranças políticas.
Três líderes do centrão disseram à Folha que o ato ficou restrito ao PL e ao eleitorado fiel ao ex-presidente, sem ampliar o apoio à pauta. Partidos como PP e Republicanos seguem sem endossar formalmente o projeto de lei que concede anistia.
As siglas estão divididas entre apoiadores da medida e parlamentares que preferem se manter neutros.
PL busca apoio, mas centrão resiste
Bolsonaro tenta convencer partidos de centro e direita a aderirem à anistia. Em fevereiro, discutiu o tema com Gilberto Kassab (PSD) e, no ato, afirmou que ele apoia a medida. Kassab não comentou a declaração.
O ex-presidente também planeja se reunir nesta semana com Marcos Pereira, líder do Republicanos, na tentativa de ampliar adesões e influenciar parlamentares indecisos.
O líder da oposição na Câmara, Tenente-Coronel Zucco (PL-RS), diz que o PL já tem votos suficientes: “Eu não tenho dúvida de que já temos os votos”. Segundo ele, há negociações com Progressistas, PSD, Podemos e Republicanos, e os cálculos indicam mais de 300 votos a favor da anistia.
A estratégia do PL é coletar assinaturas para apresentar um pedido de urgência na votação da proposta na próxima quinta-feira (20), durante a reunião do colégio de líderes.
“Vamos dar entrada —e eles vão ficar surpresos— com 92 deputados do PL e de outros partidos para pedir urgência do projeto da anistia para entrar na pauta na semana que vem”, afirmou Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) no ato em Copacabana.
A ministra Gleisi Hoffmann (PT) mencionou nas redes sociais a denúncia da PGR contra Bolsonaro e 33 aliados por envolvimento na trama golpista de 2022. “Persistir no ataque às instituições e falar em anistia para quem ainda será julgado significa, na prática, confessar a gravidade dos crimes cometidos contra o Estado de Direito e a democracia”, declarou.
A denúncia da PGR contra os comandantes da tentativa de golpe de estado é contundente: um ex-presidente da República tramou contra o processo eleitoral e a soberania das urnas ao longo de quase dois anos, culminando com os atentados de 8 de janeiro. Persistir no ataque às…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 16, 2025
O ministro Jorge Messias (AGU) publicou uma imagem de um comício por eleições diretas em 1984 e comentou: “Democracia sempre! Sem anistia”.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), ironizou o ato, falando sobre ter flopado. “Os brasileiros querem que os golpistas paguem pelos seus crimes”, afirmou.
Já o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o projeto de anistia, afirmando que seu objetivo real é livrar Bolsonaro de punição pela tentativa de golpe de 2022. “O projeto passa uma borracha em todos os crimes cometidos após 30 de outubro de 2022. Não podemos permitir”, disse.
Bolsonaro discursa e ataca STF
A manifestação ocorreu dias após a Primeira Turma do STF marcar para 25 de março o julgamento sobre o recebimento da denúncia da PGR contra Bolsonaro e seus aliados.
“Se alguma covardia acontecer comigo, continuem lutando”, declarou. “Só não foi perfeita esta historinha de golpe para eles porque eu estava nos Estados Unidos no 8 de janeiro. Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou quem sabe morto por eles. Eu vou ser um problema para eles, preso ou morto”, continuou.
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