A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), pretende centralizar as negociações do governo Lula com o Congresso, substituindo o modelo anterior que dividia essa função entre diferentes ministros. A estratégia busca fortalecer a relação entre o Palácio do Planalto e os presidentes da Câmara e do Senado, dominados pelo centrão.
Aliados de Gleisi afirmam que a nova abordagem visa recuperar a confiança dos parlamentares, que se queixavam de promessas descumpridas e ruídos na comunicação com o governo. A ministra pretende conduzir negociações com aval direto de Lula, priorizando os líderes partidários e acompanhando de perto todas as tratativas.
A crise na articulação política do governo nos dois primeiros anos de mandato resultou na perda de espaço de Alexandre Padilha, que ocupava a pasta. Como consequência, ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil) passaram a atuar diretamente nas negociações.
Uma das principais reclamações de deputados e senadores era que acordos firmados com ministros não tinham respaldo do restante do governo, o que dificultava a execução de compromissos assumidos. Agora, Gleisi busca coordenar esse processo para evitar divergências.
A ministra já começou a construir pontes com parlamentares. Na última terça-feira (11), almoçou com líderes de partidos de esquerda no Palácio do Planalto e, à noite, promoveu um jantar com integrantes do centrão em seu apartamento, em Brasília. Também se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), buscando estabelecer um canal direto de diálogo.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou que o novo formato de articulação política será focado nos líderes partidários. “Gleisi foi taxativa: toda a relação será com líderes e presidentes das Casas. Nada no varejo. É fortalecer os líderes e o colégio de líderes”, disse.
Apesar da desconfiança inicial de setores do Congresso, os primeiros dias da ministra foram avaliados positivamente por lideranças políticas. Gleisi tem um histórico de posicionamentos firmes e críticas a políticas econômicas, como as medidas de contenção de gastos defendidas por Haddad. No entanto, aliados a descrevem como uma negociadora confiável, que cumpre acordos e evita promessas impossíveis.
A ministra também tem consciência da importância do cargo no atual contexto político. Com a popularidade do governo em queda e a proximidade das eleições de 2026, uma articulação eficiente com o Congresso será essencial para aprovar projetos-chave e fortalecer a governabilidade.
A nomeação de Gleisi também reflete um movimento de Lula para se reaproximar do Legislativo. Parlamentares cobram maior participação do presidente nas articulações, como acontecia em seus primeiros mandatos. O petista tem sinalizado essa intenção, incluindo almoços e encontros com Motta e Alcolumbre.
“Não quero que alguém ache que o presidente está distante do presidente da Câmara, está distante do presidente do Senado. Temos que mostrar para a sociedade que nós somos, em lugares diferentes, pessoas com o mesmo compromisso de defender a soberania do país, o bem-estar do brasileiro”, declarou Lula.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line