A confiança do consumidor nos Estados Unidos caiu drasticamente em março, refletindo o aumento das preocupações com os impactos das tarifas, demissões no governo, cortes de financiamento e restrições à imigração implementadas pelo presidente Donald Trump.
Segundo o Wall Street Journal, o índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan, amplamente acompanhado pelo mercado, registrou uma queda de 11%, passando de 64,7 em fevereiro para 57,9 neste mês. Essa baixa mantém a trajetória descendente desde que Trump assumiu o cargo.
Esse é o menor nível desde novembro de 2022 e ficou muito abaixo da projeção de 63,2 feita por economistas consultados pelo WSJ. Em relação ao ano anterior, o índice caiu 27%.
O economista da Pantheon Macroeconomics, Samuel Tombs, classificou o relatório como “horrível” em uma nota divulgada na sexta-feira, destacando que a incerteza sobre a política econômica e a recente queda dos mercados acionários minaram a confiança dos consumidores.
Os índices de ações sofreram perdas nas últimas semanas, conforme investidores tentam compreender as diretrizes comerciais do governo. Em Wall Street, há receios de que essa instabilidade possa levar os EUA a uma recessão.
O governo Trump argumenta que a economia passa por um processo de “desintoxicação” e minimiza a importância da volatilidade do mercado acionário. No entanto, a apreensão aumentou quando o presidente evitou responder diretamente sobre a possibilidade de uma recessão, em entrevista exibida no domingo. A reação foi imediata: na quinta-feira, o S&P 500 entrou oficialmente em território de correção, caindo mais de 10% em relação a uma alta recente.
Apesar disso, os mercados reagiram positivamente ao relatório de sexta-feira. Os três principais índices de ações dos EUA subiram, impulsionados pela perspectiva de que o governo pode evitar uma paralisação. Esse alívio temporário, no entanto, não eliminou a preocupação com a confiança do consumidor americano.
Os economistas têm revisado para baixo suas projeções para o crescimento econômico, embora ainda prevejam expansão. Mike Feroli, economista do JPMorgan Chase, afirmou na sexta-feira que agora estima um crescimento do PIB de apenas 1% no primeiro e no segundo trimestres, abaixo da previsão inicial de 1,8% e 2%, respectivamente.
Embora uma queda na confiança do consumidor nem sempre leve a uma retração no consumo, o declínio de 15% no componente de expectativas do índice preocupa os especialistas. Esse indicador, que mede a percepção dos consumidores sobre o futuro da economia, tem histórico de antecipar tendências nos gastos.
Caso os consumidores reduzam suas despesas, as empresas voltadas ao consumo podem seguir o mesmo caminho, resultando em impacto negativo no mercado de trabalho e desaceleração da economia.
Muitos entrevistados mencionaram o alto nível de incerteza política e econômica, segundo Joanne Hsu, diretora da pesquisa da Universidade de Michigan.
“As mudanças frequentes nas políticas econômicas dificultam o planejamento dos consumidores, independentemente de suas preferências políticas”, afirmou Hsu.
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