Aliados de Jair Bolsonaro (PL) temem que a prisão do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado ocorra antes do Natal. Ao longo da última quinta-feira (13), a percepção de que o ex-capitão estava “mais perto das grades” aumentou a tensão entre seus apoiadores.
“Temos o receio de que Bolsonaro seja preso antes do Natal”, afirmou um de seus aliados mais fiéis ao colunista Josias de Souza, do UOL. “Todos já conhecem a sentença antes do início do julgamento”.
Outro integrante do grupo bolsonarista alertou que “no futuro, o açodamento do Supremo será usado como argumento para pedidos de anulação. Hoje, essa pressa vai intensificar a pressão para que Bolsonaro libere — ou até lidere — a articulação para definir outro candidato para representar o campo da direita em 2026”.
Na manhã de quinta-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação refutando os argumentos das defesas de Bolsonaro e outros sete acusados de envolvimento na trama golpista após a derrota do ex-mandatário nas eleições de 2022.
Horas depois, o relator do caso, Alexandre de Moraes, liberou a denúncia para julgamento na Primeira Turma do STF. No início da noite, o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, agendou a análise do caso para 25 de março.
O temor entre os bolsonaristas se baseia no histórico da Primeira Turma do STF, onde o intervalo médio entre o recebimento das denúncias relacionadas aos atos terroristas de 8 de janeiro e as condenações tem sido de quatro meses.
O julgamento da denúncia contra Bolsonaro e seus principais aliados contará com três sessões, programadas para a manhã e tarde do dia 25 de março, com encerramento na manhã do dia 26.
Além de Bolsonaro, fazem parte do “núcleo central” de denunciados quatro ex-ministros: Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Também estão incluídos no grupo o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (atual deputado federal) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou um acordo de delação premiada.